PUBLICIDADE

Movimento 'coletes amarelos' ganha apoio de milhares de estudantes na França

A região de Toulouse, no sudoeste do país, foi a mais afetada. Das 40 escolas, 35 foram fechadas em razão dos protestos

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

PARIS - Mais de cem escolas secundárias foram bloqueadas nesta segunda-feira, 3, parcial ou totalmente, em toda a França, em protesto contra as reformas educacionais empreendidas pelo governo do presidente Emmanuel Macron. Os milhares de estudantes que aderiram aos protestos deram apoio ao movimento dos “coletes amarelos”, segundo o Ministério da Educação.

Em todo o país, as manifestações reuniram 75 mil pessoas, segundo estimativa do primeiro-ministro, Édouard Philippe Foto: Stephane Mahe / Reuters

PUBLICIDADE

A região de Toulouse, no sudoeste do país, foi a mais afetada. Das 40 escolas, 35 foram fechadas em razão dos protestos. “É preciso protestar contra a reforma educacional excludente que está sendo promovida por esse governo”, disse o estudante Dylan Champeau. 

A região parisiense foi a segunda mais afetada, com 20 escolas secundárias fechadas ou com aulas interrompidas. Um carro foi queimado e uma loja de telefones foi saqueada perto de uma escola secundária em Aubervilliers, ao norte da capital.

Em Dijon, cerca de 500 estudantes marcharam pelas ruas da cidade e entraram em confronto com a polícia. Os jovens atiraram pedras nos policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo. Em Nice, cerca de mil estudantes do ensino médio demonstraram apoio aos “coletes amarelos”, gritando “Macron, renuncie”. 

Pelo menos 100 universidades também foram bloqueadas na França, de forma total ou parcial, para protestar contra a reforma educacional. Movimentos estudantis, como a União Nacional de Estudantes de Bacharelado (UNL, na sigla em francês) e o Sindicato Geral de Estudantes de Bacharelado (SGL), denunciam as reformas e o novo acesso ao ensino superior implementado por Macron.

Adesão

Nesta segunda-feira, pelo menos cem motoristas de ambulâncias bloquearam a Praça da Concórdia, no centro de Paris. Eles exigem o fim da reforma do financiamento dos transportes sanitários que, segundo eles, seria uma ameaça para as pequenas e médias empresas do setor. A categoria já está paralisada há cerca de dez dias, mas apenas hoje manifestou apoio ao protestos dos “coletes amarelos”. 

Publicidade

Oposição

O governo francês se reuniu hoje por quatro horas com membros da oposição para buscar uma saída para a crise criada pelos “coletes amarelos”, um grupo que se manifesta contra o aumento dos combustíveis e a política de austeridade de Macron. No sábado, violentos protestos transformaram Paris em uma praça de guerra. 

Não houve consenso na reunião entre o primeiro-ministro, Édouard Philippe, e os líderes dos principais partidos da oposição, incluindo o conservador Laurent Wauquiez e a ultradireitista Marine Le Pen. O grupo comunista ameaça promover uma moção de censura contra o governo.

Macron realizou mais uma reunião ministerial no Palácio do Eliseu para tentar definir uma saída para a crise antes de sábado, quando estão marcados novos protestos em toda a França, chamados de “Ato IV”. 

O governo francês havia sinalizado um “gesto de abertura” tentando marcar para amanhã uma reunião com representantes dos “coletes amarelos” e anunciar medidas para sair da crise. No entanto, um grupo de porta-vozes do movimento se recusou a se reunir com o governo. 

“Nenhum membro dos coletes amarelos irá a Matignon (sede do gabinete do premiê)”, disse Benjamin Cauchy, um dos integrantes do movimento. Outra porta-voz, Jacline Mouraud, também disse que não iria porque foi ameaçada.

O governo não deu indícios de que cederia a algumas das demandas dos manifestantes, que incluem a suspensão do aumento dos preços dos combustíveis, o adiamento do aumento de impostos, da reforma previdenciária, a restauração do imposto sobre grandes fortunas e o aumento do imposto sobre juros e lucros bancários. / REUTERS, AFP e AP

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.