Imperador Akihito pede continuidade da paz em seu 85º aniversário

Chefe de Estado japonês se pronuncia pela última vez antes de sua abdicação, prevista para 30 de abril

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Por EFE
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Tóquio - Em comemoração ao seu 85º aniversário, o imperador Akihito disse estar reconfortado porque o fim de seu reinado está acontecendo com o país em paz. Ele ainda pediu para que o Japão continuae nesse caminho. 

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"Reconforta-me profundamente que a era Heisei (a do seu reinado) esteja chegando a seu final, livre de guerra no Japão", disse Akihito durante entrevista coletiva três dias atrás no palácio imperial de Tóquio e divulgada hoje, na qual afirmou a importância de não esquecer os horrores bélicos.

Trata-se da última vez prevista em que Akihito envia uma mensagem ao público em entrevista coletiva. É também a última vez que comemora aniversário como chefe de Estado, antes da sua abdicação no dia 30 de abril de 2019, após um reinado marcado pelo seu pacifismo e pela proximidade ao povo japonês. Será a primeira abdicação em quase dois séculos. 

Imperador Akihito ao lado da imperatriz Michiko no Palácio Imperial de Tóquio Foto: Kimimasa Mayama/ EFE

Akihito disse acreditar ser "importante não esquecer as incontáveis vidas que foram perdidas na Segunda Guerra Mundial, e que a paz e a prosperidade do Japão pós-guerra foram construídas sobre vários sacrifícios e esforços incansáveis", pedindo para que a história seja contada "com precisão" para as novas gerações.

O imperador japonês lembrou a queda do muro de Berlim em 1989, primeiro ano do seu reinado, e como se transformou em símbolo do fim da Guerra Fria, trazendo esperanças de tempos de paz mundial.

"O desenvolvimento global posterior não foi necessariamente na direção que desejávamos. Me dói o coração que tenham acontecido disputas étnicas e conflitos religiosos, que várias vidas tenham sido perdidas por atos de terrorismo, e que um grande número de refugiados continue sofrendo dificuldades hoje no mundo", declarou.

Akihito também consolou os afetados por uma série de desastres naturais e afirmou que as catástrofes deste tipo que o Japão sofreu nas suas três décadas de reinado deixaram "uma impressão indelével" em sua mente.

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"Não posso esquecer os desastres naturais que aconteceram com maior frequência que em anos anteriores. Fortes chuvas, terremotos e tufões nos quais muita gente morreu, enquanto outros muitos perderam a base de sua subsistência", lamentou o imperador.

Ele disse que não tem palavras "para descrever a profunda tristeza que sente quando pensa nisto", mas ao mesmo tempo se sente encorajado ao ver que "diante de tais dificuldades, o espírito de voluntariado e outras formas de cooperação cresce entre o povo".

Sobre sua abdicação, o ainda imperador disse que desde que subiu ao trono se perguntou qual é a melhor forma de desenvolver as funções de "símbolo do Estado" que a Constituição lhe outorga, e que vai continuar se esforçando nos meses que restam.

"O príncipe herdeiro Naruhito e seu irmão, o príncipe Akishino, acumularam experiência e acredito que, enquanto continuarem com as tradições da família imperial, vão continuar em seu caminho, ao mesmo tempo em que a sociedade sofre uma contínua mudança", acrescentou Akihito. /EFE

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