O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, que mandou suspender uma invasão de Gaza pelo norte, aguarda notícias do presidente egípcio, Hosni Mubarak, que pode ter uma fórmula para resolver a crise provocada pelo seqüestro do soldado israelense Guilad Shilat, domingo passado, por milicianos palestinos. Segundo fontes palestinas citadas pela rádio pública, foi Mubarak quem pediu a Olmert e a seu ministro da Defesa, Amir Peretz, que suspendessem a invasão do território autônomo de Gaza pelo norte, quando a operação era dada como certa. Os seqüestradores, membros do Movimento Islâmico Hamas, dos Comitês Populares da Resistência e do Exército Islâmico, exigem a libertação de mais de 200 prisioneiros, incluindo todas as mulheres e os menores de 18 anos. Olmert e a ministra de Exteriores de Israel, Tzipi Livni, descartaram qualquer negociação "com os terroristas do Hamas". O Exército deteve na quinta-feira 87 dirigentes do grupo, entre eles 10 ministros do governo de Ismail Haniye e 23 de seus 74 deputados no Conselho Legislativo. Livni esclareceu, em comunicado, que os líderes do Hamas não foram detidas como "reféns" ou "moeda de troca" para conseguir a libertação do soldado. Todos os detidos serão investigados e processados em cortes militares se, como suspeitam as autoridades israelenses, estiverem envolvidos em ataques dos milicianos do Hamas. No último dia 9, quando um suposto projétil israelense causou a morte de sete civis numa praia de Gaza, o grupo rompeu uma trégua de 18 meses. Segundo as fontes palestinas que a emissora cita sem identificar, o presidente Mubarak criticou duramente o líder máximo do Hamas, Khaled Mashaal, exilado na Síria, por rejeitar seu suposto plano e exigir a libertação de "milhares de prisioneiros". "Criminoso de guerra" O vice-primeiro-ministro israelense Shimon Peres chamou Mashaal de "criminoso de guerra" esta semana. Segundo os israelenses, o líder político do Hamas comanda as Brigadas de Izz al-Din al-Qassam, seu braço armado. Mubarak, principal mediador do mundo árabe entre palestinos e israelenses, teria acusado Mashaal de "levar o povo palestino ao abismo" com suas exigências. O número de prisioneiros, ou "presos de segurança", palestinos em Israel é estimado em torno de 8.500. Segundo as mesmas fontes, Mubarak teria conversado com o presidente da Síria, Bashar Asad, para exigir a expulsão de Damasco dos dirigentes do Hamas e de outras organizações palestinas que formam a "frente da rejeição", opondo-se a qualquer negociação com Israel. Israel soltou centenas de prisioneiros palestinos em pelo menos duas ocasiões, quando negociava com o então presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat. Em todos os casos, os detidos não tinham sido responsabilizados por mortes e também estavam muito perto do fim de suas penas. Alguns analistas israelenses acreditam que a gestão de Mubarak reflete a vontade do Quarteto de Madri, formado por União Européia, Estados Unidos, Rússia e ONU. O grupo espera pôr fim à crise e às operações militares de Israel em Gaza. Se fracassarem os esforços diplomáticos, as Forças Armadas israelenses receberão ordem de atacar, prevêem todos os observadores locais.