
15 de agosto de 2011 | 08h18
O ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, se apresentou novamente a um tribunal nesta segunda-feira no Cairo, onde ele está sendo julgado por acusações de corrupção e de ordenar o massacre de centenas de manifestantes durante as revoltas do começo do ano.
Nesta segunda-feira, o juiz do caso teve dificuldades para manter a ordem no tribunal, já que havia mais de cem advogados presentes no lugar.
Mubarak, de 83 anos, pode receber a pena de morte caso seja considerado culpado.
Como já acontecera no começo do mês, Mubarak foi levado de maca e colocado dentro de uma jaula no tribunal, feita especialmente para o julgamento. O ex-presidente egípcio alega estar sofrendo graves problemas de saúde.
Ele chegou ao local de helicóptero e foi colocado em uma ambulância para ser transportado até a corte.
Mubarak esteve acompanhado de seus filhos Alaa e Gamal, que também estão sendo acusados de corrupção. Na chegada, Alaa tentou cobrir uma câmera de vídeo que filmava o evento. O julgamento está sendo transmitido ao vivo pela televisão egípcia.
Lista de testemunhas
Esta é a segunda audiência de Mubarak, que governou o Egito por três décadas até fevereiro deste ano, quando renunciou após uma série de protestos no país. No dia três de agosto, ele compareceu ao tribunal e se declarou inocente de todas as acusações.
Na audiência desta segunda-feira, familiares de pessoas que morreram nos protestos do começo do ano pediram mais acesso a documentos referentes à comunicação oficial do governo de Mubarak.
Eles querem saber quais foram as ordens que partiram do ex-presidente aos comandantes militares que lideraram a repressão. Os familiares também exigem que o militar Mohamed Hussein Tantawi, que lidera a junta que assumiu o poder no Egito após a saída de Mubarak, preste depoimento.
Já o advogado de defesa de Mubarak, Farid al-Deeb, quer convocar 1,6 mil testemunhas.
A justiça ainda não determinou quem vai depor no caso.
Milhares de soldados e policiais fazem a segurança do prédio no Cairo onde está sendo realizado o julgamento. Manifestantes pró e contra se reuniram em frente ao local. Houve confrontos entre ambos os lados, quando alguns apoiadores do ex-presidente gritaram slogans como "Ele é egípcio até a morte" e "Hosni Mubarak não é Saddam".
Analistas acreditam que o destino de Mubarak será crucial para determinar os rumos políticos do país.
No próximo dia 5 de setembro, o ex-ministro do Interior, Habib al-Adly, terá uma nova audiência na Justiça. Ele já foi condenado por lavagem de dinheiro e agora enfrenta acusações de ter ordenado a morte de 850 manifestantes.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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