Muçulmanos europeus se unem contra radicalismo

Instituições e civis buscam desassociar areligião islâmica de grupos extremistas

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Por ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:
A decapitação do francês Hervé Gourdel, na Argélia, mobilizou grupos muçulmanos europeus Foto: Patrice Masante/Reuters

Horas após a morte do guia turístico Hervé Gourdel na Argélia, executado por um grupo jihadista partidário do Estado Islâmico, organizações muçulmanas e simples praticantes começaram a se mobilizam para mostrar solidariedade à França e rejeitar as práticas dos grupos extremistas.

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As manifestações de apoio à família de Gourdel por parte da comunidade muçulmana da França, que tem 5 milhões de membros, começaram minutos após a confirmação do crime. Elas seguiram o exemplo da Grã-Bretanha, onde a campanha #NotInMyName (não em meu nome, em tradução) usou as redes sociais para se manifestar contra o terrorismo, da mesma forma "como criminosos usam essas plataformas para radicalizar os jovens e difundir discursos violentos em nome do Islã".

De Londres, uma porta-voz da organização disse ao Estado que o retorno da campanha é mundial, com repercussão e adesões em países como os Emirados Árabes e Afeganistão. Um dos desdobramentos é a campanha #PasEnMonNom, lançada na França. Ao movimento espontâneo, juntaram-se líderes religiosos, como os reitores da Grande Mesquita de Paris e de Lyon que convocaram um movimento inter-religioso, a ser realizado amanhã, na capital, em solidariedade a Gourdel. Mesmo a União das Organizações Islâmicas da França (UOIF), ligada à Irmandade Muçulmana, convocou seus membros a se manifestar contra os crimes cometidos pelo Estado Islâmico.

O Coletivo contra a Islamofobia na França, que reúne jovens de origem muçulmana, publicou comunicado dizendo que é contra a manifestação, sob o argumento de que ela acaba vinculando o extremismo terrorista ao islamismo. "Recusamos a atribuição sistemática de culpa às pessoas de confissão muçulmana, quando elas são as primeiras vítimas de atos bárbaros no mundo todo", disse o grupo.

Protestos. Em Paris, as opiniões se dividem. Muitos muçulmanos e franceses fazem questão de deixar claro que não há vínculos entre os seguidores do islamismo e os extremistas no Iraque e na Síria. No entanto, muitas pessoas protestaram na internet, após a morte de Gourdel, contra o silêncio ou indiferença das organizações muçulmanas.

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