Muçulmanos fazem manifestação pacífica em Londres

A Associação Muçulmana do Reino Unido, a Missão Islâmica do Reino Unido e a Sociedade Islâmica do país organizaram a manifestação com o lema "Unidos contra a Incitação e a ´islamofobia´".

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Por Agencia Estado
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Milhares de muçulmanos moderados foram hoje à praça de Trafalgar, em Londres, para expressar sua rejeição à publicação das caricaturas de Maomé, e sua oposição à violência provocada pelo caso. Entre fortes medidas de segurança, cerca de 30 mil muçulmanos, segundo os organizadores, apenas 4.500, para a Polícia, se concentraram na praça para criticar as charges publicadas na imprensa dinamarquesa e reproduzidas em alguns jornais europeus. A Associação Muçulmana do Reino Unido, a Missão Islâmica do Reino Unido e a Sociedade Islâmica do país organizaram a manifestação com o lema "Unidos contra a Incitação e a ´islamofobia´". A manifestação teve o apoio do prefeito de Londres, Ken Livingstone, e do deputado trabalhista Jermy Corbyn, crítico da intervenção militar no Iraque. O porta-voz dos organizadores, Ihtisham Hibatullah, disse hoje que a intenção é mostrar uma frente unida diante da publicação das caricaturas e contra a "islamofobia". Segundo o porta-voz, os muçulmanos britânicos lideram a mudança na Europa para trabalhar por um "futuro mais construtivo". Livingstone disse hoje que apóia a reunião, porque queria que a opinião dos muçulmanos britânicos fosse ouvida. "A publicação das caricaturas foi um insulto calculado e barato à comunidade muçulmana, uma provocação deliberada elaborada para destruir a confiança e o entendimento", disse o prefeito. "Acho que é hora de dizer que vamos criar uma campanha coesa, unindo diferentes religiões, sindicatos, homens e mulheres, jovens e idosos, para estar com as comunidades muçulmanas e contra o mal da ´islamofobia´", acrescentou. Corbyn também defendeu o respeito entre diferentes comunidades. "Pedimos que as pessoas mostrem respeito, respeito entre as religiões", disse o parlamentar entre aplausos e gritos de aprovação dos manifestantes. Para um dos organizadores, "as charges foram "inaceitáveis, irresponsáveis, e levam a um mundo mais polarizado". "Talvez parece que há uma grande conspiração ocidental contra sua fé (dos muçulmanos), mas há muitas pessoas que estão do lado da reconciliação", afirmou um dos organizadores. Defesa do Islã Os presentes concordam no desejo de mostrar que o Islã é uma religião que abraça a paz. Nos cartazes dos manifestantes havia dizeres como "Contra a ´Islamofobia´" ou "A livre expressão não quer dizer que se deve insultar as crenças dos outros". A Polícia Metropolitana de Londres reforçou a segurança em torno da praça, diante do temor de que a reunião fosse aproveitada por grupos radicais para cometer atos violentos. O subchefe da Polícia, David Commins, informou hoje que 500 agentes trabalharam na praça para garantir que tudo ocorra pacificamente. "Trabalhamos com os organizadores por toda a semana e queriam ter uma reunião pacífica e responsável", acrescentou Commins. Entre os presentes, estava Hanifa Brka, estudante de 29 anos de Birmingham, que disse ter sido errado mostrar as caricaturas retratando Maomé como terrorista. Brka acrescentou que não aprova a violência, mas que podia entender o enorme mal-estar em alguns países muçulmanos. O monge franciscano Anthony Jukes, de 30 anos e vindo de Canberbury, no sudeste da Inglaterra, participou da manifestação para expressar sua solidariedade com a comunidade muçulmana. "Não estou de acordo com a violência de nenhuma forma, e acho que é muito injusto que um grupo de radicais suje a reputação dos muçulmanos que estão em paz", disse Jukes. "Fui bem recebido por todos os muçulmanos. É só através do diálogo que os problemas serão resolvidos. Sem diálogo, não há nada", ressaltou o religioso.

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