Muçulmanos indianos ateiam fogo em trem e matam 57 hindus

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Por Agencia Estado
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Pelo menos 57 pessoas morreram hoje quando um grupo de muçulmanos ateou fogo num trem transportando nacionalistas hindus que retornavam de um local sagrado disputado pelas duas religiões. Autoridades e testemunhas disseram que um grupo de muçulmanos, aparentemente irritados com cantos hindus na plataforma de embarque, apedrejaram e jogaram querosene em vários vagões transportando ativistas hindus, para depois incendiá-los quando o trem começava a partir. Testemunhas relataram que 2.000 pessoas participaram do ataque, enquanto autoridades afirmaram que não eram mais de 100. Os nacionalistas hindus retornavam de Ayodhya, um disputado local sagrado onde hindus destruíram uma mesquita muçulmana do século 16 em 1992. A destruição provocou confrontos nacionais entre hindus e muçulmanos, nos quais morreram mais de 2.000 pessoas. Hindus querem construir um templo hinduísta no local. O Conselho Mundial Hindu denunciou que o ataque em Godhra foi uma retaliação aos esforços de construção do templo, mas autoridades sugeriram que a ação pode ter sido fruto de tensões locais no Estado ocidental de Gujarat. O administrador distrital Jayanti Ravi afirmou que quatro vagões do Expresso Sabarmati foram incendiados. Ele disse que entre os 57 mortos confirmados estavam 14 crianças. O ministro-chefe de Estado, Narendra Modi, que viajou para Godhra, afirmou que 43 pessoas ficaram feridas, muitas em condições críticas. O primeiro-ministro Atal Bihari Vajpayee pediu calma à nação, solicitando especialmente aos hindus nacionalistas para não retaliarem. Vajpayee cancelou uma viagem à Austrália, onde participaria de uma cúpula da Commonwealth, segundo assessores. "Precisamos proteger a irmandade indiana a qualquer preço", afirmou o primeiro-ministro. Nas principais cidades da Índia onde convivem hindus e muçulmanos, a polícia reforçou patrulhas para prevenir violência. Na Velha Délhi, a parte muçulmana da capital da Índia, a segurança foi aumentada. O ministro do Interior de Gujarat, Gordhan Zadaphia, decretou toque de recolher em áreas muçulmanas do Estado e deu ordens para a polícia atirar contra qualquer pessoa que esteja provocando distúrbios. O trem levava ativistas de uma organização nacionalista hindu que tenta construir um novo templo no local da disputada mesquita no estado nortista indiano de Uttar Pradesh. A maioria dos ativistas do Conselho Mundial Hindu rumavam para a última parada do trem, em Ahmadabad. O conselho convocou uma greve geral no Estado para amanhã. Mais de 20.000 pessoas haviam se reunido em Ayodhya, 550 km a leste de Nova Délhi, desde que o conselho anunciou que iria dar início à construção do templo em 15 de março, ignorando ordens judiciais proibindo construção no local disputado. Vajpayee pediu hoje ao conselho para abandonar sua intenção de erguer um templo. "A solução desse problema não virá com um movimento desse tipo ou pela violência", disse. "Existem apenas duas formas: pelo diálogo ou através dos tribunais." O governo do Estado de Uttar Pradesh anunciou que 3.000 paramilitares foram enviados a Ayodhya para ajudar a polícia a isolar a cidade. Apenas moradores terão permissão de entrar. Líderes muçulmanos denunciaram que os 7.000 islâmicos da cidade estão sendo hostilizados. "Terroristas hindus armados com tridentes (o símbolo do deus hindu da destruição, Shiva) estão criando uma psicose de terror em Ayodhya e eles devem ser banidos imediatamente", disse Harshim Ansari, um dos envolvidos no processo legal sobre a mesquita destruída. O chefe do Fórum da Minoria Muçulmana em Ayodhya, Harish Umer, disse que famílias islâmicas já começam a abandonar a cidade, e se o governo não tomar medidas em dois dias, ele vai convocar muçulmanos de todo o país para defender seus irmãos.

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