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Muçulmanos são eleitos 'culpados da vez'

Jana Aladin, islâmica americana que vive na região de Nova York

Por Gustavo Chacra
Atualização:

NOVA YORKJana Aladin é uma típica menina de um subúrbio de Nova York, no vizinho Estado de New Jersey. Aos fins de semana, vai com as amigas até Manhattan passear. No ano que vem, quando terminar a High School, sonha em estudar em universidades como a New York University ou Columbia.Em conversa com o Estado na saída da estação de metrô do Marco Zero, Jana explica que também teve sua vida afetada pelos atentados - apesar de que estava do outro lado do Rio Hudson no exato momento em que as Torres Gêmeas ruíram. Filha de pais iraquianos que tentavam fazer a vida nos EUA, ela tinha apenas 7 anos à época. Vestindo hijab, o lenço islâmico que cobre o cabelo, ela conta das suas experiências crescendo em Nova York na década posterior ao 11 de Setembro."Não é fácil. Sofri preconceito algumas vezes. Escutamos as pessoas falando dos muçulmanos maus e dizendo coisas apenas porque estou com a cabeça coberta", afirma. Apesar de seus pais serem de Bagdá, ela diz "se sentir como qualquer outra americana".O hijab, segundo Jana, foi uma opção pessoal. "Ninguém nunca me obrigou a usar. Uso porque quero", acrescenta, em um discurso comum em cidades como Beirute, Damasco e Ramallah, onde várias meninas liberais cobrem a cabeça mais como uma forma de protesto contra a islamofobia do que por questões religiosas.Islam, que pediu para não revelar seu sobrenome porque já teve problemas com emprego no passado, também é de New Jersey, filho de imigrantes egípcios, e viveu os últimos dez anos indo quase todos os dias a Manhattan para estudar na Universidade Columbia e trabalhar. "Com a crise financeira de 2008, já era difícil conseguir um emprego. Por ser muçulmano, ficou ainda mais complicado. Meu nome é Islam e logo de cara ficavam com medo. No fim, seguindo um conselho de um amigo, mudei para "Sam" e acabei encontrado trabalho", afirma.

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