
11 de abril de 2008 | 11h06
As chances do impasse nas eleições no Zimbábue serem resolvidos tornaram-se mais distantes nesta sexta-feira, 11, depois que um porta-voz do governo disse que o presidente Robert Mugabe não participará de uma reunião de emergência com líderes africanos, que pretendia discutir o problema que já se estende por duas semanas. Segundo a rádio estatal, ele enviará quatro representantes em seu lugar. O encontro foi convocado pela Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) e será realizado em Lusaka, na Zâmbia, no sábado. O líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), Morgan Tsvangirai, planeja participar da reunião. O líder opositor do Zimbábue se reuniu na quinta-feira com o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, dentro dos contatos regionais que mantém para forçar a difusão dos resultados das últimas eleições, confirmaram hoje fontes de seu partido. O porta-voz do escritório regional do MDC, Nqobizitha Mlilo, afirmou que a reunião aconteceu em Pretória no final da tarde, mas evitou dar detalhes sobre a entrevista. Mbeki é considerado o governante de maior peso diplomático no sul do continente e o que mais pressão pode exercer sobre o presidente zimbabuano, Robert Mugabe, no poder desde 1980. Segundo a agência France Presse, fontes oficiais confirmaram que a polícia proibiu todas as manifestações políticas na capital Harare, diante do crescimento da tensão pós-eleitoral. Já há dezenas de zimbabuanos, especialmente das áreas rurais, afirmando que foram espancados por milícias ligadas ao partido do presidente Mugabe, o Zanu-PF. A oposição convocou uma greve geral a partir de terça-feira, até que o resultado das eleições seja anunciado. A oposição do Zimbábue anunciou na quinta que seu candidato à presidência, não participará de um possível segundo turno, alegando que ele já venceu a eleição. Segundo uma apuração paralela feita por opositores, Tsvangirai obteve 50,3% dos votos. O governo do presidente Robert Mugabe ainda não divulgou o resultado oficial da votação do dia 29. O partido opositor entrou na Justiça para tentar obrigar Mugabe a publicar os resultados, mas a decisão judicial sobre o caso deve ser divulgada somente na segunda-feira. "Morgan Tsvangirai venceu a eleição sem necessidade de um segundo turno. Por isso, não vamos aceitar outro resultado, exceto o que confirme a sua vitória", disse o secretário-geral do MMD, Tendai Biti, em uma entrevista na vizinha África do Sul. Ele acusou o governo de Mugabe - que está há 28 anos no poder - de dar "um golpe de Estado". O partido acusa o presidente de segurar os resultados oficiais para poder forçar um segundo turno e, com isso, ganhar tempo para que suas milícias intimidem os eleitores da oposição.
Encontrou algum erro? Entre em contato