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Muhammad e Malvo serão julgados primeiro em Maryland

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-sargento do Exército John Allen Muhammad, de 41 anos, que a polícia confia ser o franco-atirador que aterrorizou a região de Washington neste mês e seu parceiro, John Lee Malvo, de 17, serão julgados por homicídio qualificado primeiro no condado de Montgomery, em Maryland, onde ocorreram seis dos dez assassinatos atribuídos ao dois. O promotor de Montgomeey, Douglas Gansler, informou que pedirá a pena de morte para Muhammad, mas não para Malvo, porque as leis de Maryland não permitem a aplicação da punição máxima, prevista pelo código penal do Estado, contra menores de idade. Mesmo assim, Gansler disse que ele será julgado como adulto. É improvável, contudo, que, no final, Malvo receba punição diferente da de Muhammad. Depois de enfrentar a justiça de Maryland, a dupla será julgada em Virginia, que permite a aplicação da pena de morte a menores e é o Estado que mais executa prisioneiros, depois do Texas. Muhammad e Malvo foram presos na madrugada de quinta-feira numa área de descanso da rodovia 70, perto da cidade de Frederick, Maryland, depois de uma desesperada busca que envolveu mais de mil policiais locais e federais. A polícia encontrou um rifle semi-automático calibre .223, com tripé e lente telescópica no porta-mola do Chevrolet Caprice 1990 no qual viajavam. Os exames de balística comprovaram hoje que as balas que atingiram 11 das 13 vítimas saíram dessa arma. Em dois outros casos, os fragmentos de balas encontrados não permitiram uma conclusão definitiva. De qualquer maneira, as autoridades desencorajaram hoje a hipótese de haver outro atirador ainda em circulação. As escolas voltaram a ter recreio externo e atividades esportivas, e o movimento de pessoas pelas ruas aumentou visivelmente no condado de Montgomery. Gansler informou que os promotores de Maryland, Virginia e do Distrito de Columbia, as três juridições onde Muhammad e Malvo atacaram e semearam o terror, farão reunião na próxima semana para discutir a ordem em que ocorrerão o indiciamento e o julgamento da dupla. A pena de morte está suspensa em Maryland desde maio. Ela é proibida no Distrito de Columbia. "Como um grupo, os promotores envolvidos na investigação permanecem unidos para assegurar que a justiça será feita, que esses homens presos paguem pelos atos que eles supostamante cometeram", afirmou Gansler. O Departamento de Justiça, que também participou das investigações por intermédio de duas forças federais sob sua jurisdição - o FBI e a polícia especializada na repressão ao comércio ilegal de tabaco, álcool e armas de fogo, a ATF -, não parece inclinado a processar Muhammad e Malvo, pois não está claro que eles tenham violado leis federais. Mas o chefe da polícia da cidade de Montgmomery, Alabama, John Wilson, informou hoje que Muhammad será formalmente acusado pela morte de uma mulher, assassinada no dia 21 de setembro passado na frente de uma loja de bebidas. Um telefonema de Muhammad à polícia, vangloriando-se desse crime, forneceu a pista inicial para a polícia estabelecer sua identidade, juntar as peças do quebra-cabeças e emitir a ordem de captura. As autoridades disseram hoje que nada ouviram de Muhammad sobre sua motivação para a matança. O suspeito compareceu perante uma juíza em Baltimore. Limitou-se a responder às perguntas com monossílabos e foi mantido na cadeia por ter violado uma ordem judicial, num processo por assédio iniciado por uma de suas duas ex-mulheres, que o proibia de andar armado. Malvo, que é de origem jamaicana, foi apresentado à corte juvenil no mesmo dia e permanece detido com testemunha material do caso. Não está claro que papel cada um deles desempenhou nos ataques. Como Muhammad tinha treinamento militar com o rifle automático M-16, a suposição é de que ele foi o autor dos disparos e que Malvo dirigiu o automóvel. Não há ainda ainda uma data para o indiciamento.

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