Na tentativa de restabelecer em definitivo a normalidade das relações com o México, país que chamou no sábado de "Estado falido", o presidente uruguaio José Mujica encontrou uma solução incomum ontem: colocou todas as nações do continente no mesmo patamar.
"No que se refere a reprimir e liquidar o narcotráfico, ou seja, o tráfico clandestino destinado à produção de drogas, todos os Estados da América parecemos francamente falidos", afirmou Mujica à Rádio Uruguay.
O atrito com os mexicanos, que chegaram a chamar o embaixador uruguaio para consultas em sinal de desaprovação, ganhou destaque na imprensa latino-americana, o que fez o presidente voltar ao tema mesmo depois de o México encerrar a questão na segunda-feira.
No Uruguai, o assunto foi tratado como mais uma gafe presidencial. O tema nem sequer foi explorado na disputa eleitoral que se encerra no domingo com a escolha de seu substituto. "Os uruguaios já estão acostumados ao estilo do Mujica, não dão importância a essas declarações. Aliás, o próprio Mujica não dá importância ao que fala sem pensar", disse ao Estado Adolfo Garcé, professor do Instituto de Ciências Políticas da Universidade da República.
O favorito para suceder a Mujica é seu antecessor, médico oncologista Tabaré Vázquez, da Frente Ampla, com 51% das intenções de voto. Seu rival, do Partido Nacional (ou Branco), Luis Lacalle Pou, tem 38%, segundo pesquisa divulgada pela consultoria Equipos Mori.