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Mujica elege sucessor e Tabaré Vázquez será o presidente uruguaio

Tabaré derrotou o conservador Luis Lacalle Pou, segundo pesquisas de boca de urna

Por Rodrigo Cavalheiro
Atualização:
Comando. Tabaré governará amparado pelo domínio de sua Frente Ampla no Congresso Foto: Pablo Forciuncula/AFP

O médico Tabaré Vázquez, de 74 anos, governará o Uruguai a partir de 1.º de março, após cinco anos longe do cargo. Ele derrotou neste domingo, 30, o conservador Luis Lacalle Pou, segundo pesquisas de boca de urna do Instituto Factus, com vantagem de 54% a 40%. A vitória da Frente Ampla, partido de esquerda que chegará a 15 anos de governo, teve o peso de José Mujica, que entrou na campanha quando pesquisas colocavam em dúvida o triunfo do ex-presidente. Luis Lacalle Pou já reconheceu a derrota. Embora a esquerda siga no poder, o perfil do governante muda diametralmente. Entra um milionário metódico e organizado, avesso a entrevistas e improvisações, afeito a horários e à leitura de discursos, morador de um bairro nobre de Montevidéu. Sai o oposto em cada um desse itens. A espontaneidade que rendeu dor de cabeça e popularidade mundial ao ex-guerrilheiro foi usada semanalmente no seu programa de rádio a favor de seu candidato. No fim do primeiro turno, quando pesquisas apontaram um equilíbrio entre as duas forças, passou a defender não só as ações de seu governo, mas também as de seu antecessor-sucessor. A vantagem obtida por Vázquez em 26 de outubro, de 47% a 30%, foi superior ao que apontavam os institutos de pesquisas. Para o governo, os levantamentos estavam viciados propositalmente. Para a oposição, a ação de Mujica desequilibrou a disputa porque a Constituição uruguaia, que proíbe a reeleição, também veta a participação do presidente no processo eleitoral. Com a vitória, a Frente Ampla passa a ter maioria também no Senado, uma vez que o vice-presidente, Raúl Séndic, filho do histórico líder tupamaro de mesmo nome, terá um assento. Até este ano, o grupo dominava só a Câmara. “Essa vantagem permitirá aprovar mais projetos e fazê-lo mais rápido”, avalia Daniel Buquet, doutor em ciência política e professor da Universidade da República. Lacalle Pou, do Partido Nacional, filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995), também adotou um discurso condizente com o resultado. “Estamos com a consciência limpa, fizemos uma campanha sem agressões”, disse, encharcado pela chuva que caiu todo o dia em Montevidéu e ameaçava aumentar a abstenção em um país em que o voto é uma obrigação levada a sério – a abstenção na eleição de 2009, em que Lacalle pai foi derrotado por Mujica, foi de 11%.

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