Mujica leva suas ideias políticas ao Festival de Veneza

Ex-presidente uruguaio é tema central de duas obras que participam do evento; filmes abordam sua luta política e seu ativismo pela paz e meio ambiente

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O ex-presidente do Uruguai durante coletiva em Madri, na Espanha. Foto: EFE/Mariscal

ROMA - A 75ª edição do Festival de Veneza, que começa na quarta-feira 29, terá um protagonista inesperado: o ex-presidente do Uruguai José Mujica. Ele será o tema central de dois filmes que participam do evento. Suas ideias políticas, seu ativismo pela paz e o meio ambiente serão exibidos tanto em ficção quanto em documentário.

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Por um lado, o filme "A Noite de 12 Anos", do uruguaio Álvaro Brechner, conta os anos de prisão de Mujica e seus companheiros Mauricio Rosencof Eleuterio e Fernández Huidobro, que participavam do Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros (MLN - T). A obra mostra os anos em que Mujica (interpretado pelo espanhol Antonio de la Torre), Rosencof (interpretado pelo ator argentino Chiro Darín) e Huidobro (interpretado pelo uruguaio Alfonso Tort) estiveram encarcerados durante a ditadura no país.

A história fala de solidão, tortura e isolamento, mas sobretudo de resistência e silêncio. Mujica e seus companheiros passaram 12 anos na prisão. No trailer do filme são mostradas algumas imagens de seu tempo encarcerado. Com a colaboração de Soledad Villamil e Silvia Pérez Cruz, a coprodução da Espanha, Argentina, Uruguai e França compete na segunda categoria mais importante do festival, a seção Horizontes.

Fora da competição, será possível ver o documentário "O Pepe, uma vida suprema", dirigido pelo sérvio Emir Kusturica, que mostra como um homem humilde como Mujica pôde chegar a ser presidente do Uruguai, cargo que ocupou de 2010 a 2015. 

"Alcançar a utopia requer uma mudança fundamental de consciência. Por meio de seu caminho de vida e exemplo pessoal, José Mujica dá esperança para alcançar ideais. O amor de Mujica pela vida e a natureza é o cerne de sua ideologia", disse Kusturica. O diretor revelou que está impressionado pela figura e pelo trabalho de Mujica, mas também lamentou por não ter tido um presidente como ele.

Mujica, de 83 anos, renunciou no dia 14 de agosto ao seu cargo no Senado uruguaio com o objetivo de "tirar uma licença antes de morrer", ressaltando que seguirá na "luta de ideias" por outros caminhos.

Antes de viajar a Veneza, o ex-presidente uruguaio recebeu na Espanha o prêmio internacional de poesia "Laurel de Plata", em Granada, e um prêmio sindical de advogados em Madri. Ele aproveitou a ocasião para alertar sobre o "holocausto ecológico" da sociedade atual, regida pela "multiplicação do consumo", algo que considera trágico para as novas gerações. / EFE

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