Mulher-bomba instaura uma nova era da jihad na França
Ao detonar seu cinturão de explosivos para não ser capturada, a mulher que morreu nesta quarta-feira, 18, em ação policial em Saint-Denis instaurou uma nova era na França e se somou a uma longa lista de mulheres-bomba
Por Redação
Atualização:
PARIS - Ao detonar seu cinturão de explosivos para não ser capturada, a mulher que morreu nesta quarta-feira, 18, em ação policial em Saint-Denis instaurou uma nova era na França e se somou a uma longa lista de mulheres-bomba. Ao amanhecer, quando os policiais derrubaram a porta do apartamento ao norte de Paris em que se encontrava com quatro homens, a jovem optou por se explodir.
"Este caso é, sobretudo, uma prova de determinação", explica à agência France-Presse Fatima Lahnait, pesquisadora e autora do relatório Mulheres-bomba, a jihad feminina. "O doutrinamento e recrutamento são tais que ela preferiu morrer antes de ser detida. Fazendo isso, contribuiu para a luta. O sexo pouco importa, mas o fato de ser mulher seguramente multiplicará o impacto de seu ato na sociedade", afirma.
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
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Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Policias e serviço de emergência trabalham perto da Place de la Republique Foto: AFP PHOTO / DOMINIQUE FAGET
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Policiais italianos guardam a embaixada francesa em Roma, depois que ataques em Paris deixaram pelo menos 60 mortos Foto: EFE/EPA/CLAUDIO PERI
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Em uma noite de pânico e terror, ao menos três atentados simultâneos atingiram nesta sexta-feira, 13, pontos distintos de Paris e deixaram pelo menos ... Foto: Mais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Equipe de resgate ajuda uma pessoa ferida próximo ao Bataclan Concert Hall, na região central de Paris, um dos alvos dos atentados Foto: AFP PHOTO / DOMINIQUE FAGET
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Christian HartmannMais
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O presidente francês, François Hollande, que assistia no estádio ao amistoso entre França e Alemanha, deixou a partida às pressas e passou a noite no ... Foto: AFPMais
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Ao menos dois brasileiros ficaram feridos nos ataques, segundo a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis. Os dois passaram por cirurgia, já foram id... Foto: AFPMais
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O primeiro ataque foi registrado no restaurante Le Petit Camboje, de culinária cambojana, no 11º distrito da cidade. Um atirador armado com uma AK-47 ... Foto: REUTERS/Christian HartmannMais
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No Bataclan, uma casa de shows a pouco mais de 1 km do local do primeiro ataque, homens armados matarem pelo menos cempessoasque assistiam ao show da ... Foto: AFP PHOTO / FRANCK FIFEMais
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Em uma noite de pânico e terror, ao menos três atentados simultâneos atingiram nesta sexta-feira, 13, pontos distintos de Paris e deixaram pelo menos ... Foto: REUTERS/Gonazlo FuentesMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Polícia acompanha torcedores que saiam do Stade de France, onde explosivos foram detonados durante o amistosoentre França e Alemanha, em Paris Foto: REUTERS/Gonazlo Fuentes
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Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Benoit TessierMais
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Policia checa identidade de homem próximo aoBataclan Concert Hallminutos depois dosataques coordenados que atingiram Paris nesta sexta-feira, 13 Foto: REUTERS/Christian Hartmann
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Especialistas forenses inspecionam um restaurante ao lado do Stade de France, um dos alvos dos ataques coordenados que atingiram Paris nesta sexta-fei... Foto: AFP PHOTO / FRANCK FIFEMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Segundo a agência France Presse, que cita a polícia de Paris, só no Bataclan são cerca de 100 mortos Foto: REUTERS/Christian Hartmann
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Especialistas forenses inspecionam um restaurante ao lado do Stade de France, um dos alvos dos ataques coordenados que atingiram Paris nesta sexta-fei... Foto: AFP PHOTO / FRANCK FIFEMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
No Stade de France, onde duas explosões foram ouvidas no fim do primeiro tempo do amistoso, os acessos ao estádio foram fechados. A partida terminou c... Foto: AP Photo/Christophe EnaMais
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No Stade de France, onde duas explosões foram ouvidas no fim do primeiro tempo do amistoso, os acessos ao estádio foram fechados. A partida terminou c... Foto: AP Photo/Christophe Ena)Mais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
A emissora de televisão France 24 citou relatos da polícia de que cerca de 100 pessoas morreram dentro da casa de shows Bataclan em Paris Foto: AFP PHOTO / DOMINIQUE FAGET
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Em uma noite de pânico e terror, ao menos três atentados simultâneos atingiram nesta sexta-feira, 13, pontos distintos de Paris e deixaram pelo menos ... Foto: REUTERS/Philippe WojazerMais
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Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Christian Hartmann Mais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Segundo o vice-prefeito de Paris são 118 mortos nos ataques dessa sexta-feira Foto: AP Photo/Michel Euler
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Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Christian HartmannMais
Ataque em Paris
Policiais na cena do ataque em Paris Foto: EFE/EPA/YOAN VALAT
Ataque em Paris
Policial na cena de um dos ataques em Paris Foto: EFE/EPA/YOAN VALAT
Ataque em Paris
Resgate e médicos socorrem vítimas em um restaurante em Paris Foto: AP Photo/Thibault Camus
Ataque em Paris
Corpos de vítimas em rua de Paris em frente ao restaurante em Paris Foto: AP Photo/Thibault Camus
Ataque em Paris
Forças de segurança em Rue Bichat, em Paris Foto: AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
Atentado em Paris
Equipes de resgate atendem vítimas de tiroteio em restaurante de Paris Foto: Thibault Camus /AP
One World Trade Center
Em Nova York, o One World Trade Center foi iluminado nas cores da bandeira da França em homenagem às vítimas dos ataques de sexta-feira, 13 Foto: AP Photo/Kevin Hagen
Senado, Cidade do México, México Foto: REUTERS/Tomas Bravo
O Anjo da Independência
O Anjo da Independência, Cidade do México, México Foto: REUTERS/Tomas Bravo
Prefeitura de São Francisco
Prefeitura de São Francisco, EUA Foto: REUTERS/Stephen Lam
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Embora nos últimos anos várias mulheres tenham alcançado as "terras da jihad", na Síria e no Iraque, são poucas as que optam pelo martírio. Entre elas, Muriel Degaugue, uma jovem belga convertida ao islã que se explodiu em novembro de 2005 no Iraque durante a passagem de um comboio americano.
Desejo de morte. Ao preferir a morte à redenção, a suicida de Saint-Denis não tentou - ao contrário dos que se detonaram na noite de sexta-feira em Paris, deixando ao menos 129 mortos - perpetrar um atentado suicida contra quem estava por perto.
"A participação de mulheres em atos devastadores de assassinato e dor sempre provocou uma mistura de estupefação, repugnância e interesse público", escreveu Lahnait. "Como compreender o desejo de morte dessas mulheres que aspiram a morrer, mas também a matar?", prossegue.
"A religião muçulmana condena formalmente o suicídio", acrescentou. "Mas isso vem sido frequentemente ignorado, especialmente por libaneses, palestinos, Al-Qaeda e chechenos", explicou.
Em 1985, uma libanesa de apenas 16 anos, Sana Jyadali, lançou seu carro carregado de explosivos contra um comboio israelense, matando dois soldados. Foi a primeira de uma larga lista de mulheres candidatas ao martírio em seu país. O mesmo já aconteceu em Israel, Turquia, Índia, Paquistão, Uzbequistão, Chechênia e Iraque.
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A partir desta data até 2006, "mais de 220 mulheres-bomba se sacrificaram, o que representa quase 15% do número total contabilizado", indicou a investigadora em seu informe.
Meninas. Entre elas está a iraquiana Sajida al-Rishawi, que tentou se explodir entre os convidados de um casamento palestino em um grande hotel de Amã, a capital da Jordânia.
Os chefes da Al-Qaeda, que a consideraram uma heroína, pediram por sua liberdade. Após a morte do piloto jordano Moaz al-Kasasbeh, queimado vivo em uma jaula pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), foi enforcada em fevereiro.
Atualmente, é outro grupo jihadista, o nigeriano Boko Haram, o que mais recorre às mulheres-bomba, chegando a enviar meninas à morte, entre as quais a mais jovem teria 7 anos. Nestes casos, frequentemente os chefes têm o controle da exploração da carga que transportam, que ativam à distância mediante telefones móveis.
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"Em Maiduguri" (grande cidade do norte da Nigéria), "os atentados suicidas são cotidianos", disse à France-Presse Marc-Antoine Pérouse de Montclos, investigador do Instituto de Investigação para o Desenvolvimento (IRD). "São especialmente mulheres e meninas que vêm após a morte de seus maridos e pais, abatidos em confrontos com o Exército nigeriano", explica.
A vingança pela perda de um parente também tem sido o motivo das suicidas chechenas, as famosas "viúvas negras", que provocaram dezenas de vítimas.
Enquanto ímãs dos grupos jihadistas prometem aos candidatos ao martírio as maravilhas do paraíso, especialmente as famosas 72 virgens, não há nada disso para as mulheres-bomba: "O que podem lhes prometer é o reencontro, no paraíso, com um ente querido, um marido desaparecido, por exemplo", precisa Fatima Lahnait. / AFP