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Mulher é multada na França por dirigir de véu

Por AE-AP
Atualização:

A polícia rodoviária da cidade de Nantes, na França, multou uma motorista que usava véu islâmico enquanto dirigia. A justificativa para a multa de US$ 29 é que o véu impedia a mulher de ter um campo de visão claro ao volante. O caso chamou a atenção porque ocorre praticamente ao mesmo tempo em que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tenta aprovar uma polêmica lei que proíbe o uso do véu em todo o país, despertando divergências étnicas na França.A multa aplicada no início de abril foi baseada na lei que diz que motoristas devem ter liberdade de movimento e suficiente campo de visão, alegou o advogado Jean-Michel Pollono. Ele declarou hoje que contesta a decisão, dizendo que o véu não é diferente de um capacete de motociclista no que diz respeito ao impedimento de visão.A motorista, de 31 anos, concedeu uma entrevista à imprensa hoje. Ela usava um niqab, o véu que cobre todo o rosto, exceto os olhos, e falou do "sentimento de injustiça" sobre o incidente. "Eu não cometi qualquer infração", disse a mulher, que não quis revelou seu nome. "Eu vejo tão bem quanto vocês..., eu tenho dirigido desta forma há nove anos e não tive qualquer problema." A motorista tem nacionalidade francesa. O advogado disse que ela nunca foi parada por uma patrulha antes.Divergências étnicasNicolas Sarkozy ordenou a elaboração de um projeto de lei com o objetivo de impedir mulheres muçulmanas de utilizarem, na rua e em outros locais públicos, tradicionais véus islâmicos que cobrem o rosto. Na tentativa de impedir o uso do véu feminino em lugares públicos, Sarkozy preferiu ignorar as recomendações de especialistas consultados pelo governo segundo os quais tal medida provavelmente seria declarada inconstitucional.Sarkozy já declarou em diversas ocasiões que considera os véus islâmicos um mecanismo de opressão à mulher e que seu uso "não é bem-vindo" na França.A França é um país secular que abriga a maior população islâmica da Europa, estimada atualmente em cerca de 5 milhões. As autoridades locais consideram o véu incoerente com a igualdade entre os gêneros ao mesmo tempo em que temem a disseminação de uma forma radical do Islã dentro de suas fronteiras.

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