17 de janeiro de 2010 | 09h06
As paredes caíam, mas ela não foi atingida, protegida pelo escudo improvisado. Mas as horas se passavam e nada do resgate. "Eu gritava e depois descansava para recuperar as forças", disse ela com uma sonda improvisada sob uma tenda na base militar brasileira em Porto Príncipe. "Não queria perder minhas forças", acrescentou, com a voz firme, quatro horas após ter sido retirada do hospital destruído. "Eu pensava que, se fosse para morrer, teria morrido na hora do terremoto."
Quando ocorreu o tremor de 7 graus na escala Richter, seu marido, que é policial, correu para o hospital. "Senti, sabia que ela estaria viva", disse. "Fiquei batendo com o martelo, até que consegui ouvir os gritos dela."
Já haviam passado mais de 50 horas do momento do terremoto e chances de encontrar um sobrevivente eram pequenas, segundo as equipes de resgate. Nesse momento, passou pelo local uma patrulha do Exército, acompanhada por jornalistas brasileiros.
A repórter Lilia Teles, da Rede Globo, viu o marido de Jean Baptiste gritando, ao lado de dezenas de outros haitianos, que acenavam a quem passava. Ela achou estranho, pois o desespero do grupo parecia diferente, e pediu que os soldados parassem a viatura.
Os militares brasileiros desceram e foram até os escombros, onde tentaram escutar algum barulho. Pediram silêncio ao grupo que tentava fazer o resgate. Então foi possível ouvir a voz da mulher. "Você está bem?", perguntou o soldado brasileiro, em inglês. A mulher respondeu que sim. Em seguida, por uma fresta, a surpresa: o soldado sentiu a mão de Jean Baptiste. Viu que mantinha a força e estava consciente. Os soldados brasileiros começaram então a escavar. Depois de horas, ela era levada viva e em boas condições para a base militar brasileira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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