Mulheres atraentes convidam à deserção na Colômbia

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Por Agencia Estado
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Mulheres atraentes em minúsculos biquínis são a nova arma escolhida pelas Forças Armadas para convencer guerrilheiros e paramilitares sobre as vantagens que teriam se retornassem à vida civil. Há um mês, estão sendo distribuídos em zonas de conflito calendários de bolso que trazem no verso modelos atraentes acompanhadas de uma legenda onde se lê: "Volte já! e obtenha benefícios jurídicos, econômicos, de saúde, educação e, o mais importante, sua liberdade". "O que se espera com essa campanha é divulgar o programa de desmobilização, porque existem muitos que não sabem que ele existe", explicou hoje à AP o diretor do Programa de Atenção ao Desmobilizado do Exército, coronel Manuel Forero. Ele revelou que já foram impressos de três a cinco milhões de calendários, que estão sendo lançados nas zonas especiais de segurança criadas pelo governo nos municípios dos departamentos (estados) de Sucre, Bolívar e Arauca, no norte do país. Também foram impressas réplicas da nota de 20.000 pesos, que trazem no verso um convite aos desertores para se apresentarem à unidade militar mais próxima. Outra vantagem dos novos volantes e notas é seu pequeno tamanho, o que permite aos guerrilheiros e paramilitares dispostos a desertar ocultá-los das vistas de seus comandantes. Anteriormente, os militares se utilizavam de grandes panfletos que exibiam o poderio das Forças Armadas como fator de dissuasão. Apesar de Forero não querer explicar por que foram usadas mulheres atraentes como isca para provocar a deserção, sabe-se que um dos maiores problemas enfrentados pelos jovens em grupos armados é a dificuldade de encontrar uma parceira estável, já que muitos estão em constante movimento e têm que ocultar suas identidades. Também, dentro das fileiras dos guerrilheiros e paramilitares, as mulheres são minoria. Calcula-se que nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) as mulheres sejam 25% dos efetivos. A pacifista e ex-prefeita Gloria Cuartas anunciou hoje que entrará com uma ação popular para que a campanha seja suspensa, por considerá-la infame. "Com coisas como essa, o Exército está demonstrando na Colômbia que o corpo das mulheres é um troféu de guerra. Isso merece o repúdio das mulheres colombianas e de toda a comunidade internacional", opinou Cuartas à AP. Este ano, até 21 de novembro, 1.135 combatentes em armas se entregaram voluntariamente; enquanto que em todo o ano de 2001 se entregaram 327 pessoas.

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