PUBLICIDADE

Mulheres debatem na Suécia mutilação genital feminina

Por Agencia Estado
Atualização:

O problema das mutilações genitais femininas - a excisão - começou hoje a ser debatido numa conferência em Estocolmo, com a chefe da diplomacia sueca, Laila Freivalds, que afirmou dever-se essa prática à "ignorância". "As raízes desta prática encontram-se na ignorância, no estatuto de inferioridade das mulheres, que se manifesta sobretudo no controle da sexualidade feminina e numa leitura falaciosa da religião", afirmou Laila Freivalds, no discurso inaugural da Conferência Internacional sobre Mutilações dos Genitais Femininos. "Mas é necessário sermos claros desde o princípio: não existe fundamento científico nem religioso que justifique a mutilação dos genitais femininos, por conseguinte, qualquer referência à religião deve ser contestada", sublinhou. Segundo a ministra sueca, "trata-se de uma grave forma de violência infligida às mulheres na África e em alguns países". Da conferência, que termina terça-feira, participam vários países de África (Egito, Eritréia, Etiópia, Quênia, Mali, Nigéria, Senegal, Somália e Tanzânia), agências das Nações Unidas, organizações humanitárias e comunidades de imigrantes da Suécia. A conferência tem como objetivo sensibilizar os jovens para os graves efeitos da mutilação dos genitais femininos, que podem causar a esterilidade e problemas mentais. A mutilação dos genitais femininos, ou excisão, ocorre entre os quatro e os oito anos e consiste na amputação do clitóris, para que a mulher não sinta qualquer prazer sexual, não seja tentada à prática do adultério e para que se torne mais "casável". Na Suécia, as mutilações são proibidas desde 1982, mas muitas famílias de imigrantes vão praticá-las no exterior para contornar a lei. No continente africano, registam-se práticas de mutilação dos genitais femininos em 28 países. Fora de África, a excisão é praticada também no Iêmen. Em cada ano, as mutilações genitais femininas são praticadas em dois milhões de mulheres, sendo que atualmente existem entre 120 a 130 milhões de mulheres mutiladas, segundo estimativas internacionais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.