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Mulheres sauditas ganham documento de identidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Pela primeira vez na história da Arábia Saudita, 1,3 milhão de mulheres do país conquistaram o direito de possuírem documentos de identidade, informou hoje o jornal Arab News. Ao fim de uma batalha que pode ser considerada histórica em busca da paridade com os direitos dos homens, as mulheres do mais conservador reino islâmico acabam de derrubar uma discriminação a que estavam sujeitas. O jornal indicou que a nova norma se tornou possível graças a uma decisão de 1999, tomada ao final de um longo debate entre defensores e opositores à medida. Estes últimos sustentavam que a posse do documento permitiria que outras pessoas vissem o rosto da titular do documento. Na Arábia Saudita, tradicionalmente, as mulheres circulam em público com a cabeça coberta por um véu. O vice-ministro do Interior, o príncipe Ahmad, deixou claro, no entanto, que não será obrigatório pedir às mulheres o documento de identidade, já que pelas leis do país elas não têm permissão para dirigir. Para terem direito ao documento, "as requerentes devem ter pelo menos 22 anos (no caso dos homens, a idade mínima é 16) e exibir uma carta de apresentação de um protetor - marido ou pai - e , se trabalharem, uma carta de seu empregador", diz o diário, explicando que a foto do documento deve mostrar em primeiro plano a mulher com a cabeça coberta por um véu, mas com o rosto descoberto e sem maquilagem. Atualmente, as mulheres sauditas são registradas nos documentos de seus maridos ou pais - de cuja autorização dependem para viajar ao exterior. Entre as conquistas mais recentes da mulheres, está a criação, em 1999, da primeira agência integralmente feminina, administrada por mulheres, dedicada às viagens e turismo. Apesar das restrições a que estão submetidas no campo dos direitos civis, as sauditas são titulares de cerca de 70% das contas correntes existentes nos bancos do reino, de valor equivalente a US$ 11,5 bilhões. Em julho de 2000, pela primeira vez uma saudita - a princesa Jawharah bint Fahd bin Mohammad bin Abdel Rahman al-Saud - foi nomeada para o mais alto cargo de governo já concedido a uma mulher na história do reino: o de vice-secretária para a Instrução Pública feminina. Em 21 de agosto seguinte, o governo de Riad decidiu finalmente aderir à Convenção da ONU para a eliminação de qualquer tipo de discriminação contra as mulheres, embora dizendo que "não respeitaria as cláusulas que contradisserem a Sharia (lei islâmica)".

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