Multidão canta em ato contra atirador em Oslo

Cerca de 40 mil pessoas reúnem-se diante do tribunal onde o extremista Anders Breivik está sendo julgado para entoar música que ele disse odiar

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Por OSLO
Atualização:

Cerca de 40 mil pessoas realizaram ontem uma cantoria diante do tribunal onde o atirador Anders Behring Breivik está sendo julgado pela morte de 77 pessoas. A canção escolhida foi My Rainbow Race (Minha raça arco-íris, em tradução livre), do americano Pete Seeger. A música foi traduzida para o norueguês e virou sucesso no país na voz de Lillebjoern Nilsen. Na sexta-feira, o extremista disse que odiava a canção, considerada por ele uma "propaganda marxista". "Somos nós que vencemos", disse Nilsen, que estava presente no protesto e embalou a multidão com um violão. Breivik afirmou no tribunal que Nilsen era um bom exemplo de um "marxista" que se infiltrou no meio cultural e cujas composições serviam para "fazer uma lavagem cerebral nos noruegueses em idade escolar". O extremista opõe-se ao multiculturalismo norueguês e critica a "invasão muçulmana" da Europa. Nos últimos dias, Breivik tem narrado em tom desafiador as razões que o levaram a detonar um carro-bomba no centro de Oslo e, em seguida, matar a tiros 69 pessoas, a maioria adolescentes, em um acampamento do Partido Trabalhista nos arredores da capital. Ele alegou ter agido em legítima defesa, para "proteger" a sociedade norueguesa.Breivik, de 33 anos, qualifica suas vítimas como "traidores" que mereceram morrer por abraçar valores esquerdistas que, na sua opinião, abriram a Europa para uma "lenta invasão islâmica".Organizadores disseram que o protesto foi uma forma de mostrar que o massacre não alterou o caráter tolerante da Noruega. "A mobilização foi além das minhas expectativas", disse Lill Hjoennevaag, uma das organizadoras da ação. Manifestações. Além da cantoria, houve também uma passeata de vários quarteirões até o tribunal onde Breivik está sendo julgado, que fica perto do local onde o carro-bomba explodiu em 22 de julho. Manifestações musicais semelhantes ocorreram em outras cidades norueguesas. / REUTERS

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