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Museu de Viena pagará US$ 19 mi por quadro roubado por nazistas

Acordo encerra batalha jurídica que dura mais de uma década em Nova York

Por Efe
Atualização:

NOVA YORK - O Museu Leopold de Viena aceitou pagar US$ 19 milhões aos herdeiros de uma colecionadora de arte judia a quem os nazistas roubaram um quadro de Egon Schiele, protagonista de uma polêmica judicial nos Estados Unidos, informa na terça-feira, 20, a Justiça norte-americana. O acordo encerra uma batalha iniciada há mais de uma década em Nova York, quando as autoridades americanas ordenaram o confisco de várias obras cedidas ao Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma) por parte do museu austríaco, considerando que eram propriedade de duas famílias judias. Entre elas estava "Retrato de Wally" (1912), do pintor austríaco Egon Schiele (1890-1918), que era reivindicada pelos herdeiros de Lea Bondi Jaray, uma marchand de arte judia vienesa que foi forçada pelos nazistas a entregar suas propriedades e a se exilar em Londres quando a Alemanha ocupou a Áustria. O acordo anunciado nesta terça-feira prevê que o Museu Leopold, entidade fundada pelo estado austríaco para recolher as propriedades de Rudolf Leopold, considerado o mais importante colecionador privado de arte na Áustria e falecido no último dia 29 de junho, deverá pagar US$ 19 milhões à família Bondi em troca da tela. Segundo detalha a Promotoria de Manhattan, Bondi era a proprietária de "Retrato de Wally", um quadro que foi retirado, junto a outras propriedades, pelo colecionador nazista de arte Friedrich Welz e que, após o fim da Segunda Guerra Mundial, foi entregue pelo Exército dos EUA à Galeria Nacional da Áustria. Anos depois, Bondi tentou recuperar o quadro com a ajuda do colecionador Leopold, que, no entanto, segundo a Promotoria, a enganou para ficar com a peça. Desde então, e inclusive depois da morte de Bondi em 1969, sua família lutou para conseguir a propriedade da peça, enquanto Leopold, que chegou a contar com uma coleção de 5.400 pinturas, incluídas 250 de Schiele, afirmava que era seu legítimo proprietário. Em setembro de 1997, o Museu Leopold cedeu ao Moma uma série de quadros de Schiele, entre os quais estava "Retrato de Wally", o que fez com que dois anos depois as autoridades americanas iniciassem um processo legal para averiguar a possibilidade de se tratar de mercadoria roubada. Após numerosas apelações, em 2009 uma juíza americana determinou que o quadro em questão era propriedade privada da família Bondi, que tinha sido roubada, e pediu ao Museu Leopold que demonstrasse que o colecionador austríaco não conhecia a história do quadro quando tomou sua propriedade. A mesma juíza programou uma audiência para o próximo dia 26 para seguir com o caso, algo que não será necessário após o falecimento de Leopold em junho e após o acordo alcançado pelas partes.

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