Musharraf deixa comando do Exército paquistanês

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Por ZEESHAN HAIDER
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O general Pervez Musharraf finalmente deixou o comando do Exército paquistanês, na quarta-feira, para poder ocupar um novo mandato presidencial de cinco anos, cumprindo uma promessa da qual muitos duvidavam. Musharraf passou o bastão de comando ao sucessor escolhido por ele mesmo, o general Ashfaq Kayani, em uma cerimônia na sede do Exército, em Rawalpindi. No poder desde o golpe militar de 1999, Musharraf tomará posse na quinta-feira como presidente civil. "O sistema continua, as pessoas vêm e vão, todo mundo tem de ir, toda coisa boa termina, tudo é mortal", disse Musharraf, choroso, à cúpula civil e militar presente na cerimônia. A oposição, liderada pelos ex-primeiros-ministros Benazir Bhutto e Nawaz Sharif, elogiou a renúncia de Musharraf. Os dois políticos cogitam disputar as eleições parlamentares de 8 de janeiro. "Esperamos que o Exército recue para seu dever original e não interfira na política", disse Nadir Chaudhry, porta-voz de Sharif, deposto em 1999 por Musharraf. O poder e a influência do presidente agora devem diminuir, a questão é quanto. "Naturalmente, o apoio do Exército tem sido vital", disse o ex-comandante militar Mirza Aslam Beg, que recusou assumir o poder quando o então presidente Mohammad Zia-ul-Haq morreu em um desastre aéreo, em 1988. Beg previu mudanças significativas, a começar por um aumento da pressão da oposição pelo fim do estado de emergência decretado em 3 de novembro. Musharraf deve fazer um pronunciamento público na quinta-feira, após a posse, e pode suspender as medidas de exceção. Os investidores reagiram positivamente, vendo a saída de Musharraf das Forças Armadas como um sinal de estabilização e prenúncio do fim do estado de emergência. O índice da Bolsa local subiu 0,63 por cento.

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