Musharraf fará emenda para ampliar seus poderes

Líder paquistanês mudará Carta antes de levantar estado de exceção

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Por Islamabad
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O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, levantará o estado de emergência amanhã, mas somente após emendar a Constituição a fim de assegurar sua imunidade judicial e mais poderes, revelou ontem o procurador-geral do Paquistão, Malik Qayyum. Musharraf também emendará a lei que impedia a líder opositora Benazir Bhutto de assumir um terceiro mandato como primeira-ministra. Pressionado por Washington para compartilhar o poder com Benazir, o presidente deve detalhar a medida amanhã, após levantar o estado de exceção. Musharraf declarou estado de emergência em 3 de novembro, suspendeu a Constituição, destituiu seis juízes da Suprema Corte, deteve milhares de opositores e ordenou a censura da mídia. Ele justificou a medida dizendo que buscava acabar com a ingerência da Suprema Corte nos assuntos de governo e conter a ação de militantes islâmicos. No entanto, dois suicidas atacaram ontem um bloqueio militar no sudoeste do Paquistão, matando pelo menos dez pessoas. Segundo o Exército, os extremistas detonaram separadamente explosivos perto de uma fila de veículos que esperavam para passar pelo bloqueio em Quetta, capital da Província do Baluchistão. Três soldados morreram na primeira explosão. Momentos depois, o segundo ataque matou dois soldados, um policial e quatro civis. Outras 21 pessoas ficaram feridas, 4 gravemente. O procurador-geral disse que uma emenda será acrescentada à Constituição para dar mais poderes a Musharraf, que está cada vez mais impopular. Uma pesquisa divulgada ontem indicou que 67% dos paquistaneses querem a renúncia de Musharraf. De acordo com a sondagem, divulgada em Washington pelo Instituto Internacional Republicano, 70% dos paquistaneses também acham que Musharraf "não merecia ter sido reeleito". Com relação às eleições parlamentares de 8 de janeiro, 30% dos entrevistados disseram que votarão no partido de Benazir, 25% no do ex-premiê Nawaz Sharif e 23% no de Musharraf. A pesquisa também mostra que o partido de Sharif está conseguindo conquistar os votos de centro-direita da legenda de Musharraf. Apesar de o presidente aparentemente estar buscando reaproximar-se da popular Benazir, a idéia de uma aliança entre Musharraf e a ex-premiê é rejeitada por 60% dos paquistaneses. Já uma aliança entre os partidos de Benazir e de Sharif teria 58% de aprovação. AP, REUTERS E EFE

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