Musharraf liberta presos e deve tomar posse como civil

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Por SIMON CAMERON-MOORE
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O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, voltou na quarta-feira da Arábia Saudita esperando tomar posse nos próximos dias como líder civil, depois de libertar milhares de presos que haviam sido detidos sob o estado de emergência que impôs no país. Embora critique a imposição da emergência, em 3 de novembro, Washington deu a seu aliado Musharraf margem para consertar a situação antes das eleições parlamentares de 8 de janeiro, que devem ser boicotadas pela oposição. "Ele disse que vai tirar o uniforme (militar), que haveria eleições. Hoje ele libertou prisioneiros, e até aqui o vejo como um homem de palavra", disse o presidente norte-americano, George W. Bush, em entrevista durante a noite à ABC News. Na terça-feira, o Paquistão anunciou a libertação de mais de 5.000 advogados, oposicionistas e militantes de defesa dos direitos humanos. Os demais 2.000 presos devem ser soltos em breve. Apesar da militância islâmica ser endêmica no país, um dos principais objetivos de Musharraf ao declarar estado de emergência foi afastar da Suprema Corte juízes que poderiam anular sua reeleição, ocorrida no mês passado, em votação parlamentar. A corte, que agora tem juízes governistas, deve derrubar na quinta-feira os últimos recursos contra a reeleição do presidente, um general que chegou ao poder em 1999 através de um golpe de Estado. "Esperamos que a petição seja decidida amanhã, se Deus quiser, e se ocorrer o presidente poderá prestar juramente como presidente civil, como ele próprio declarou, no sábado ou domingo", disse o procurador-geral Malik Qayyum à Reuters. Os juízes demitidos continuam sob prisão domiciliar. A polícia proibiu Wajihuddin Ahmed, que disputou a eleição presidencial contra Musharraf, de visitar o ex-presidente do tribunal Iftikhar Chaudhry e outros magistrados na quarta-feira. "Queremos a restauração dos juízes superiores e a remoção de todos os juízes atuais. Eles não são juízes, são fantoches", disse Ahmed ao ser bloqueado pela polícia, junto com cerca de 12 outros deputados. A visita de Musharraf à Arábia Saudita provocou especulações de que ele poderia procurar o ex-premiê Nawaz Sharif ou então, em vez disso, manobrar para prolongar o exílio dele no reino.

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