Musharraf nega pacto com Benazir

Ele ainda não decidiu se deixará Exército; ex-premiê Sharif anuncia volta e lança movimento contra presidente

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Por AFP e Reuters
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O governo paquistanês afirmou ontem que o presidente Pervez Musharraf ainda não decidiu se abrirá mão do cargo de chefe do Exército antes das eleições presidenciais, desmentindo a afirmação feita na véspera pela ex-primeira-ministra Benazir Bhutto. ''''Quando ele (Musharraf) tomar alguma decisão, ela será anunciada'''', afirmou o porta-voz do governo, Rashid Qureshi. Benazir havia dito que o presidente concordara com um plano para dividir o poder no Paquistão para consolidar uma base de apoio para sua candidatura à reeleição, que será votada em setembro ou em meados de outubro. Musharraf quer garantir mais cinco anos no poder antes de dezembro, quando seu mandato como chefe militar chega ao fim. Ele vem buscando apoio político, já que está sob pressão interna e dos EUA por mais democracia. A Casa Branca pede ao governo um combate mais intenso a terroristas agindo no país. Segundo a ex-premiê, em troca do apoio a Musharraf, o governo retiraria as acusações de corrupção contra ela, permitindo sua volta ao país para concorrer nas eleições legislativas, que estão previstas para o final do ano ou início de 2008. Ela está exilada na Grã-Bretanha desde 1998, quando as acusações vieram à tona. Ainda ontem, o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif anunciou em Londres que retornará ao Paquistão no dia 10, para desafiar Musharraf nas eleições presidenciais. ''''Esse homem, o senhor Musharraf, está a caminho da saída... Nós vamos lançar um movimento contra ele e seu governo. Em 10 de setembro, vamos aterrorizar Islamabad'''', afirmou Sharif, que corre o risco de preso assim que chegar ao Paquistão. EXÍLIO REDUZIDO Sharif deixou o Paquistão depois que Musharraf o destituiu do poder ao dar um golpe de Estado. Ele foi primeiro-ministro em dois períodos: entre 1990 e 1993 e entre 1997 e 1999. Seu retorno tornou-se possível no dia 23, quando o chefe da Suprema Corte, Iftikhar Chaudhry, invalidou um acordo que o obrigou a se exilar, em 1999. Condenado à prisão perpétua por traição, fraude fiscal e desvio de fundos, Sharif fechou um acordo no qual comutava sua pena por um exílio de dez anos. Seu regresso ao Paquistão deve desgastar ainda mais o governo de Musharraf e seus planos de reeleição. ''''Ninguém deveria tentar salvar seu barco (de Musharraf), que está quase afundando'''', disse Sharif em referência a Benazir e seu suposto acordo com o presidente paquistanês. CRISE CRESCENTE 9/3: Musharraf suspende o chefe da Suprema Corte, Iftikhar Chaudhry, por abuso de poder. Decisão desata protestos em todo país 20/7: Suprema Corte reinstala Chaudhry no cargo 23/8: Chaudhry anuncia que Suprema Corte invalidou acordo que obrigou o ex-premiê Nawaz Sharif ao exílio, em 1999 29/8: Ex-premiê Benazir Bhutto anuncia que Musharraf deixaria comando militar, mas governo desmente informação

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