PUBLICIDADE

Na Itália, Aziz compara Bush a Hitler

Por Agencia Estado
Atualização:

O vice-primeiro-ministro do Iraque, Tariq Aziz, comparou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao ex-chanceler alemão Adolf Hitler e insistiu que Saddam Hussein nunca partirá para o exílio, "não importa o preço". Em Roma, para uma audiência com o papa João Paulo II, Aziz negou as afirmações recentes de que o Iraque teria um sistema de foguetes de alcance superior ao permitido pela Organização das Nações Unidas. As afirmações de Aziz foram formuladas na véspera da apresentação de um relatório dos inspetores de armas ao Conselho de Segurança (CS) da ONU sobre a cooperação do governo iraquiano. "A verdade é que Bush está desmantelando as Nações Unidas, exatamente como fez o Terceiro Reich na década de 30, quando anulou a Liga das Nações. Bush é o novo Hitler", acusou. Após um encontro realizado hoje com políticos italianos contrários à guerra, Aziz afirmou que as tentativas de interromper o trabalho dos inspetores são apenas um pretexto para a guerra. "Os motivos reais são petróleo e dominação." Os Estados Unidos insistem que os foguetes violam as normas estabelecidas. O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, disse hoje que o equipamento "poderia ser uma grave violação" da resolução 1.441 do CS da ONU, sobre o desarmamento do Iraque. No entanto, Aziz garantiu a jornalistas que "não existe uma grave violação" das normas da ONU. "Não há o que exagerar. Seguimos dentro dos limites estabelecidos pela ONU." Os especialistas internacionais disseram ter encontrado uma bateria iraquiana que supera o raio máximo de alcance de 150 quilômetros, permitido pelas resoluções da ONU. De acordo com Aziz, os mísseis não são perigosos sem um sistema de guia e superam em apenas 15 quilômetros o raio máximo de alcance permitido. Amanhã, Aziz se reunirá com o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, e com outros políticos contrários ao respaldo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi à posição dos Estados Unidos. O ponto central da visita de Aziz é seu encontro, também amanhã, com o papa João Paulo II, um firme opositor da guerra. O papa já pediu aos EUA e ao Iraque que façam tudo o que for possível para evitar o conflito armado. O pontífice argumenta que os Estados Unidos não devem lançar um "ataque preventivo" e aconselha as autoridades iraquianas a cooperar plenamente com os inspetores de armas. No entanto, ainda é incerto o papel que o Vaticano pode tentar exercer para solucionar a crise. João Paulo II enviou a Bagdá um emissário de paz, cardeal Roger Etchegaray. Porém, Aziz comentou que o religioso não se ofereceu para mediar a crise entre EUA e Iraque. "O cardeal viajou principalmente para nos dizer que a Igreja apóia a paz, é simpática ao povo iraquiano e não quer vê-lo sofrer", resumiu o vice-primeiro-ministro durante entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera. Na opinião do papa, que também se opôs à Guerra do Golfo, em 1991, um novo conflito com o Iraque seria "uma derrota da humanidade". Enquanto EUA e Grã-Bretanha aumentam a pressão pela guerra contra o Iraque, Aziz foi enfático na entrevista: "Se for preciso, eu também irei lutar." Aziz garantiu ainda que o governo iraquiano está oferecendo todo o apoio requisitado pelos inspetores de armas, descartou a idéia franco-germânica de permitir a entrada de soldados da ONU no Iraque e tirou de cogitação a possibilidade de Saddam Hussein renunciar e deixar o Iraque. "É certo que nosso presidente permanecerá em seu país a qualquer custo", disse ele ao jornal. Aziz, um cristão, deverá viajar a Assis no sábado, onde rezará com monges franciscanos. Assessores de vice-primeiro-ministro não revelaram quando ele retornará ao Iraque.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.