Na ONU, Evo pede legalização da coca

Presidente boliviano masca folhas da planta durante encontro das Nações Unidas para combate às drogas

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Por REUTERS e EFE E AP
Atualização:

O presidente boliviano, Evo Morales, pediu ontem - durante o fórum da ONU sobre política antidrogas - que a folha de coca deixe de fazer parte da lista internacional de substâncias proibidas. "Ela não é cocaína, não é nociva à saúde e não provoca males físicos nem dependência", disse Evo, enquanto mascava folhas da planta no encontro do Escritório das Nações Unidas Contra as Drogas e o Crime (UNODC, na sigla em inglês), em Viena, na Áustria. "Não é porque mastigo que sou viciado em drogas. Se fosse assim, (Antonio María) Costa (diretor do UNODC, presente na sala no momento) deveria me levar preso", desafiou. Evo disse que 10 milhões de pessoas mascam as folhas nos países andinos. "Consumi intensamente folha de coca durante dez anos, quando trabalhava na agricultura, e não me sinto desnutrido. E tenho 50 anos", disse. A Bolívia é o terceiro maior produtor da folha, com 28 mil hectares cultivados, atrás apenas da Colômbia e do Peru. BALANÇO A política de repressão contra as drogas conseguiu, nos últimos dez anos, frear a produção de narcóticos e o número de consumidores, mas, por outro lado, fortaleceu a ação de cartéis, a corrupção e os problemas de saúde pública, como a aids e a tuberculose. "Se olharmos as dimensões físicas do problema - toneladas de produção e quantidade de viciados - podemos dizer que a humanidade teve um importante progresso", disse Costa. Apesar disso, "devemos ter a valentia de observar a consequência dramática e imprevista do controle sobre as drogas, que foi o surgimento de um mercado criminoso de proporções assombrosas", disse.

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