Imagem transmitida do depoimento de Kadafi.
TRÍPOLI - O coronel Muamar Kadafi apareceu por menos de um minuto na televisão estatal da Líbia nesta segunda-feira, 21, apenas para refutar os "rumores maliciosos que foram transmitidos" à população e confirmar que não deixou o país. "Não estou na França ou na Venezuela. Ainda estou aqui", disse o líder líbio, alvo dos protestos que tomaram conta do país nesta e resultaram em centenas de mortes após a repressão dos militares.
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A emissora estatal informou tratar-se de uma transmissão ao vivo a partir da residência de Kadafi em Trípoli, capital líbia. Durante o dia circularam rumores segundo os quais Kadafi teria deixado o país por conta das pressões populares. As informações sobre o local e se a transmissão foi realmente feita ao vivo não puderam ser confirmadas devido ao rígido controle das autoridades sobre a mídia no país.
As imagens mostraram Kadafi com um guarda-chuva e sentado em um carro. O coronel alertou a população para não acreditar em canais estrangeiros, que classificou como "cachorros". O recado foi dado sem a menor menção aos protestos contra seu governo em Trípoli, em Benghazi e em outras cidades, à repressão dos militares ou à pressão de governos e instituições contra a resposta às manifestações.
Kadafi foi à televisão no dia em que a repressão aos protestos tomou proporções imensas. Houve relatos de aviões e helicópteros militares bombardeando áreas de protestos e de mercenários contratados pelo governo para disparar contra os opositores. Tais ações teriam deixado somente 250 mortos, segundo fontes médicas. Um diplomata líbio na Organização das Nações Unidas (ONU) disse que Kadafi estava comentendo "um genocídio".
O diplomata não o único funcionário do governo a criticar Kadafi. O ministro da Justiça e outros membros do gabinete deixaram seus postos em resposta à repressão de Kadafi aos protestos. Embaixadores da Líbia em todo o mundo, inclusive nos EUA, também renunciaram em repúdio às ações dos militares.
A comunidade internacional também não se calou e pressionou o coronel a cessar a violência contra os manifestantes - negada pelas autoridades líbias. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pediu o "fim do banho de sangue" no país. Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, condenou os ataques aéreos contra os civis, o que chamou de "crimes contra a humanidade".
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Com Associated Press e Reuters