Na Venezuela, uma nota paga o salário mínimo inteiro

Novo bilhete de 50 mil bolívares (R$ 31) anunciado pelo governo de Nicolás Maduro supera o atual rendimento básico no país, fixado pelo chavismo em 40 mil bolívares (R$ 25), e dá para comprar cerca de dois quilos de carne

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Por Redação
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CARACAS - O Banco Central da Venezuela (BCV) emitirá uma nova cédula que multiplica por 100 a atual de mais alto valor, informou o organismo nesta quarta-feira, 12, em um novo reconhecimento da descontrolada espiral inflacionária 

Segundo o BCV, a partir de quinta-feira circularão novas cédulas de 10 mil, 20 mil e 50 mil bolívares. Esta última passa a ser a de maior valor, frente a atual nota de 500, e equivalerá a pouco mais de R$ 31 na conversão pelo câmbio oficial do país.

Venezuela anunciou novas notas de bolívar e uma delas, a de 50 mil, supera o valor do salário mínimo do país Foto: Banco Central da Venezuela (BCV)

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A nova nota de 50 mil supera o salário mínimo, atualmente em 40 mil bolívares (R$ 25), e dá para comprar cerca de dois quilos de carne. Hoje, com a nota de 500 bolívares, não é possível comprar sequer um ovo, vendido por cerca de 900 bolívares nos mercados venezuelanos.

As novas cédulas integram o novo plano monetário que entrou em vigor no dia 20 de agosto, com cinco zeros a menos, e faz parte da mais recente desvalorização da moeda venezuelana frente ao dólar.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação chegou a 1.370.000% no ano passado e deve alcançar os 10.000.000% em 2019. A medida foi anunciada depois que, em 29 de maio, o BCV rompeu o silêncio estatístico de três anos para revelar a inflação de 2018 e que o PIB caiu à metade desde 2013, quando o presidente Nicolás Maduro assumiu o poder.

A incorporação das novas cédulas buscam "tornar mais eficiente o sistema de pagamentos e facilitar as transações comerciais", informou o BCV em um comunicado, indicando que as notas serão emitidas e entrarão em circulação de forma paulatina.

A Venezuela atravessa a pior crise de sua história recente, com escassez de produtos básicos e uma queda de sua vital produção de petróleo de 3,2 milhões de barris diários para cerca de um milhão na última década.

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Como consequência da grave crise política, econômica e social, mais de 3 milhões de pessoas já deixaram o país, principalmente em direção à Colômbia, que recebeu mais de 1 milhão de venezuelanos. / AFP

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