Na véspera de eleição, cédulas ainda não chegara à Nigéria

Cerca de 61 milhões de nigerianos devem ir às urnas ao mesmo tempo em que a oposição acusa o governo de tentar fraudar e manipular a contagem de votos

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Por Agencia Estado
Atualização:

As cédulas de voto que serão utilizadas nas eleições presidenciais deste sábado ainda não chegaram à Nigéria, anunciou nesta sexta-feira, 20, o líder da comissão eleitoral, Maurice Iwu. O pleito será realizado no sábado, 21. Segundo Iwu, por causa disso o início da eleição terá um atraso de duas horas e começará às 10 da manhã (horário local). Correspondentes dizem que será difícil ver as cédulas chegaram a tempo em todos os locais de votação, em um país grande como a Nigéria. A encomenda deve ser enviada pela África do Sul ainda nesta sexta-feira, segundo fontes do governo, e Iwu desmentiu o boato de que as cédulas foram roubadas. "Falamos com eles agora há pouco e já estão a caminho", disse o líder da comissão eleitoral. A eleição Cerca de 61 milhões de nigerianos devem comparecer às urnas nas terceiras eleições presidenciais e legislativas consecutivas na história do país rico em petróleo, que desde sua independência sofre com golpes de Estado e ditaduras. As eleições foram precedidas pelo pleito regional celebrado no último sábado, no qual foram constatadas várias irregularidades e 21 pessoas morreram. Por causa disso, a oposição pensou em boicotar a votação do próximo sábado, mas voltou atrás e decidiu participar do processo eleitoral. São 120 mil colégios eleitorais espalhados pelo país. No total, 24 candidatos concorrem à chefia do Estado, enquanto 46 partidos políticos disputarão as 360 cadeiras do Congresso e os 109 assentos do Senado. O governamental Partido Popular Democrático (PDP) escolheu como candidato Umaru Yar´Adua, atual governador do Estado de Katsina e um dos que adotaram a ´sharia´ como sistema jurídico. Os principais candidatos da oposição são o vice-presidente nigeriano, Atiku Abubakar, que rompeu com o PDP e concorre pelo Congresso para a Ação (AC), e Muhammadu Buhari, que já governou o país entre 1983 e 1985, após um golpe militar, e se apresenta pela principal legenda oposicionista, o Partido de Todos os Povos da Nigéria (ANPP). Para vencer, um candidato deve conquistar a maioria dos votos em pelo menos um quarto do total de sufrágios em 24 dos 36 estados federados que formam o país, que tem um sistema de governo semelhante ao dos Estados Unidos. O pleito terá observadores locais e internacionais, como a União Européia (UE) e o americano Instituto Democrático Nacional, liderado pela ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Madeleine Albright. Oposição Os resultados das eleições regionais de sábado, consideradas um termômetro do que pode ocorrer nas presidenciais, deram vitória ao PDP, que ganhou em 27 dos 36 estados da Nigéria. No entanto, os observadores locais pediram a anulação do pleito em dez estados onde foram constatados casos de violência, intimidação e irregularidades, enquanto a organização Human Rights Watch denunciou que, no estado de Rivers, "as urnas eram preenchidas com votos a favor do PDP na presença de todos". Nigéria A Nigéria é o país mais povoado da África, com 140 milhões de habitantes, e possui o maior número de muçulmanos do continente. O país tem a décima maior reserva de petróleo do mundo e é o oitavo maior exportador mundial da commodity, mas 70% de sua população vive em situação de pobreza, de acordo com a ONU. Além disso, a violência inter-racial e inter-religiosa, assim como a registrada nas regiões petrolíferas, ameaça a estabilidade da nação. Depois que a Nigéria tornou-se independente do Reino Unido, em 1960, o país sofreu vários golpes de Estado e viveu 15 anos seguidos de governos militares. Em 1999, a democracia começou a chegar a Abuja, com a escolha de Olusegun Obasanjo para presidente, e, em 2003, foram celebradas novas eleições no país, nas quais o presidente foi reeleito.

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