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Na véspera de eleição, Netanyahu diz que é contra Estado palestino

Pela primeira vez, primeiro-ministro israelense admite que é contra a solução de dois Estados; objetivo é ganhar voto dos conservadores 

Atualização:
Primeiro-ministro Netanyahu pode nãose reeleger em Israel Foto: Jack Guez/AFP

JERUSALÉM - Na véspera das eleições gerais israelenses, o premiê Binyamin “Bibi” Netanyahu disse pela primeira vez ser contrário à criação de um Estado palestino. Em segundo lugar nas pesquisas, ele vê seu governo de seis anos ameaçado pela coalizão de centro-esquerda União Sionista, de Isaac Herzog e Tzipi Livni. A declaração, segundo analistas, tem como objetivo ganhar votos do eleitorado conservador. 

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“Acredito que qualquer um que queira criar um Estado palestino hoje e retirar gente dessas terras (na Cisjordânia) está dando espaço para ataques do Islã radical contra o Estado de Israel” disse Bibi.“Quem ignora isso está enterrando a cabeça na areia. É o que a esquerda tem feito repetidamente. Nós somos realistas e entendemos esse risco.” Questionado se isso significava que um Estado palestino não seria criado enquanto ele fosse premiê, ele respondeu: “Correto.”

A declaração foi a mais clara tentativa do premiê de negar seu comprometimento com a independência palestina, lançado seis anos atrás, quando assumiu o cargo. “Se garantirmos a desmilitarização e a segurança necessária para Israel e os palestinos reconhecerem Israel como o Estado judaico, estamos dispostos a um verdadeiro acordo de paz”, disse Netanyahu em 2009. Desde então, duas rodadas de negociações de paz entre israelenses e palestinos fracassaram. 

No último dia de campanha, Netanyahu visitou o assentamento de Har Homa, em Jerusalém Oriental, criado por ele em 1997. No evento, o premiê admitiu, também pela primeira vez, que o objetivo do assentamento era evitar que a expansão da cidade palestina de Belém chegasse aos bairros árabes de Jerusalém, que os palestinos desejam ter como capital de seu futuro Estado. 

Acredito que qualquer um que queira criar um Estado palestino hoje e retirar gente dessas terras (na Cisjordânia) está dando espaço para ataques do Islã radical contra o Estado de Israel

“Har Homa não é um bairro inocente em território ocupado. É sobre dividir Jerusalém Oriental e Belém”, criticou o porta-voz da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Xavier Abu Eid. 

A campanha em Israel foi marcada pela oposição entre duas prioridades de governo: segurança e economia. Netanyahu tentou conquistar a preferência do eleitorado com uma plataforma focada em desafiar as negociações nucleares entre o Irã e as potências ocidentais e em se mostrar o único político capaz de garantir a segurança do país. Há duas semanas, Bibi discursou no Congresso americano contra um acordo, em uma medida que foi contestada nos Estados Unidos e em Israel. 

Assim que Netanyahu começou a cair nas pesquisas, o discurso nacionalista do premiê tornou-se mais intenso. No fim de semana, ele deu uma série de entrevistas com essa retórica, denunciando uma suposta conspiração internacional para tirá-lo do cargo, custeada por “opositores estrangeiros milionários”. 

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Coalizão. Herzog, por sua vez, aposta na redução da distância entre ricos e pobres e do alto custo de vida no país como mote de sua campanha. Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, a coalizão trabalhista deve ter entre 25 e 26 cadeiras no Parlamento. O Likud, de Netanyahu, deve obter 21 ou 22. Para formar o governo, uma vez que o sistema do país é parlamentarista, o presidente Reuven Rivlin deverá escolher o líder do partido que julga mais capaz de obter a maioria de 61 deputados para formar uma nova coalizão. 

Nesse sentido, tanto para Herzog quanto para Netanyahu, será essencial obter os apoios dos centristas Yair Lapid e Moshe Kahlon, terceiro e quarto colocados na disputa, respectivamente, que também defendem uma agenda de reforma econômica. Segundo as últimas pesquisas de opinião, 12% dos eleitores ainda estão indecisos, mas 72% dos israelenses defendem uma mudança no governo. / AP, NYT e AFP

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