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Na véspera de greve convocada pela oposição, Maduro aumenta o mínimo

É o quarto aumento do salário mínimo desde o início de 2016, em meio ao clima de tensão pela escalada da oposição para tirar Maduro do poder

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - Um dia depois de protestos em massa pela sua renúncia e na véspera de uma greve geral convocada pela oposição para pressionar seu governo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira,27,um aumento de 40% no salário mínimo dos trabalhadores.Em meio à tensão entre o chavismo e a oposição, partidários do governo tentaram impedir a chegada de deputados da Mesa de Unidade Democrática (MUD) ao Parlamento, que debateria a responsabilidade do presidente Nicolás Maduro pela crise no país. 

“Decreto e assinarei 40% de aumento integral do salário mínimo legal dos trabalhadores”, afirmou Maduro em um ato público de entrega de casas. Esse montante, de 90.911 bolívares (US$ 137,8, pelo câmbio oficial), inclui o salário - que sobe 20% até chegar a 27.091 bolívares - e um adicional de alimentação, de 63.720 bolívares. O reajuste do salário básico inclui os aposentados.

Simpatizantes chavistas são contidos pela Guarda Nacional Bolivariana ao tentar entrar na sede da Assembleia Nacional, controlada pela oposição Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

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É o quarto aumento do salário mínimo desde o início de 2016, em meio ao clima de tensão pela escalada da oposição para tirar Maduro do poder por meio de um referendo revogatório. “Não vou duvidar, nem vou aceitar nenhum tipo de conspiração. Empresa parada, empresa recuperada”, advertiu o presidente.

O índice oficial de inflação não é divulgado pelo governo desde o final de 2015. No ano passado, chegou a 180,9%, o mais alto do mundo. Para 2016, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta inflação acumulada de 475%.

Na madrugada de ontem, Maduro pediu aos trabalhadores e empresários do país que não atendam à convocação da greve geral de 12 horas feita pela oposição. “Convoco ao trabalho, e com o trabalho derrotaremos aqueles que querem prejudicar a nossa pátria, aqueles que querem violência, aqueles que querem levar a pátria a uma desestabilização”, disse o presidente.

Na terça-feira, Assembleia Nacional aprovou que Maduro fosse ao Parlamento para responder às acusações de ruptura da ordem constitucional na Venezuela. 

Pressão. A oposição vem intensificando os protestos desde que as autoridades, na prática, encerraram a iniciativa do plebiscito na semana passada, e planejaram uma greve nacional e uma marcha ao palácio presidencial nos próximos dias. No início da manhã, líderes do Congresso também denunciaram que a energia do palácio legislativo foi cortada, o que os obrigou a recorrer a um gerador de emergência.

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Segundo o governo, um policial morreu e outros dois agentes ficaram feridos durante protestos de quarta-feira. Os confrontos durante a manifestação também deixaram mais de 120 feridos, de acordo com o líder de oposição Henrique Capriles. Já a ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal afirmou que ao menos 147 pessoas foram presas pelas autoridades.

Bloqueio. Os opositores haviam exortado seus seguidores a se reunirem do lado de fora da sessão parlamentar para demonstrar apoio, mas dezenas de simpatizantes do chavismo impediram a entrada de deputados da oposição e jornalistas na Assembleia Nacional. Eles tentaram invadir o prédio, mas foram impedidos pela Guarda Nacional Bolivariana. Alguns deles continuam nos arredores do prédio para impedir a entrada dos parlamentares. 

Os manifestantes gritavam palavras de ordem em respaldo ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e asseguraram que a Assembleia é ilegítima e não a reconhecem.

Chavistas veem na combinação de uma greve nacional, agendada para sexta-feira, e uma passeata rumo ao palácio presidencial Miraflores, marcada para a semana que vem, uma situação similar às vésperas do golpe de 2002, que afastou brevemente Hugo Chávez do poder. “Exortamos os parlamentares da MUD a refletirem. Não tomem o rumo de um golpe”, disse o chavista Hector Rodriguez. / AFP, REUTERS e EFE

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