Nacionalistas chineses criticam visita de premier japonês

Nomeado primeiro-ministro dia 26 de setembro, Shinzo Abe tem demonstrado interesse em melhorar as relações com China e Coréia do Sul

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Por Agencia Estado
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Setores nacionalistas da sociedade chinesa anunciaram sua desconfiança diante da anunciada visita a Pequim do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a primeira de um chefe de governo japonês após cinco anos de relações conturbadas, informou a imprensa local. A visita está programada para os dias 8 e 9 de outubro. Zhou Wenbo, ativista da Federação Chinesa de Defesa das Ilhas Diaoyu, reivindicadas pelos dois países, disse que Abe é "ainda mais conservador que Junichiro Koizumi", seu antecessor no cargo. "Não acho que a visita vá mudar alguma coisa nas relações entre China e Japão", disse ele ao jornal "South China Morning Post". A entidade de Zhou organizou várias viagens de navio às ilhas Diaoyu, para reivindicar a soberania chinesa. Abe, nomeado primeiro-ministro dia 26 de setembro, tem se demonstrado interessado em melhorar as relações com as vizinhas China e Coréia do Sul. Nos últimos cinco anos, elas foram prejudicadas pelas visitas anuais de Koizumi ao polêmico santuário de Yasukuni. O santuário lembra as vítimas japonesas de guerras travadas nos séculos XIX e XX. Chineses e coreanos se irritam porque no templo também são homenageados 14 militares japoneses da II Guerra Mundial, que foram condenados como criminosos de guerra. Os nacionalistas chineses ressaltam que Abe ainda não disse publicamente se vai ou não repetir as polêmicas visitas, que Pequim considera uma afronta à sua história. Outro ativista chinês, Tong Zheng, presidente da Associação Chinesa para a Reivindicação de Compensações ao Japão, afirmou que Abe organizou uma visita de surpresa para evitar protestos e manifestações, aproveitando além disso que será feriado na China. "As férias vão de 1º a 7 de outubro e Abe chegará no dia seguinte, um domingo, quando a maior parte dos chineses ainda estará descansando e não vai refletir seriamente sobre a sua visita", queixou-se Tong. Para ele, a aproximação serve apenas a interesses japoneses. "O Japão procura o apoio de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, entre eles a China. Além disso, está preocupado com a melhora das relações diplomáticas chinesas com os Estados Unidos", Analisou. A associação de Tong apóia denúncias de vítimas chinesas da II Guerra Mundial contra crimes cometidos pelas tropas japonesas na China entre 1931 e 1945.

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