Nagasaki alerta para crise nuclear mundial 62 anos após ataque

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Por ELAINE LIES
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O Japão lembrou na quinta-feira com orações e uma cerimônia os 62 anos do ataque nuclear contra Nagasaki. O prefeito da cidade alertou que o mundo pode enfrentar uma crise devido à difusão das armas atômicas. Milhares de crianças, idosos sobreviventes e autoridades curvaram a cabeça durante um minuto às 11h02 (23h02 de quarta-feira em Brasília) no Parque da Paz, em Nagasaki, no mesmo horário em que foi lançada a bomba que levaria mais de 140 mil pessoas à morte. O prefeito Tomihisa Taue prometeu manter a luta pela eliminação das armas nucleares, uma causa importante para seu antecessor, Itcho Ito, assassinado em abril. "Ao invés do progresso no desarmamento nuclear, estamos enfrentando uma crise em termos da ruptura da própria estrutura da não-proliferação nuclear", disse Taue à platéia. Lembrando que as tradicionais potências nucleares agora têm a companhia de Índia, Paquistão e Coréia do Norte, e que o Irã é suspeito de desenvolver armas atômicas, Taue disse que o perigo é maior do que nunca. "Com a aparição de novos Estados com armas nucleares, fica maior o risco do real uso, bem como o vazamento de tecnologia nuclear", afirmou. Os Estados Unidos bombardearam Nagasaki em 9 de agosto de 1945, três dias depois do ataque a Hiroshima. Em 15 de agosto, o Japão se rendeu, encerrando a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 27 mil dos 200 mil habitantes de Nagasaki na época morreram instantaneamente, e cerca de 70 mil já haviam morrido no final de 1945. Meio século depois, a cifra continua crescendo, devido às doenças provocadas pela radiação. Neste ano foram acrescentados mais 3.069 nomes, elevando o total oficial de mortos a 143.124. O primeiro-ministro Shinzo Abe, primeiro premiê japonês nascido após a guerra, depositou uma coroa de flores na cerimônia e repetiu a promessa de manter a política não-nuclear do Japão, adotada há décadas. No ano passado, um influente parlamentar governista disse que o Japão deveria discutir a aquisição de armas nucleares depois de a Coréia do Norte fazer um teste nuclear. Taue aludiu a isso, dizendo que os chamados três princípios não-nucleares -- contra posse, produção e importação das armas -- deveriam ser transformados em lei. "O uso de armas nucleares nunca pode ser permitido ou considerado aceitável por qualquer razão que seja", afirmou.

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