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Não haverá reformas com Arafat no poder, diz oficial

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto Arafat estiver no poder, não haverá reformas substantivas na Autoridade Palestina, opinou hoje o chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Israel, tenente-general Shaul Mofaz. "Este esforço que ele está liderando é apenas cosmético", acusou Mofaz sobre a decisão de Arafat de reformar seu gabinete. Mofaz não considerou as declarações do novo chefe de segurança de Arafat, general Abdel Razak Yehiyeh, de que lutará para neutralizar os grupos armados que realizam atentados contra israelenses. Yehuyeh declarou recentemente que não quer que "o nome do povo palestino seja manchado pelo terrorismo". Mofaz disse que Yehuyeh, que comandará as forças de segurança palestinas no lugar de Arafat, "não controlará nem combaterá o terrorismo" por estar próximo demais do líder palestino. Mas as declarações do chefe de segurança agradaram os americanos. "Palavras assim são sempre encorajadoras", disse hoje o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Philip Reeker. "Estamos observando e esperando pela real implementação dessas promessas, assim como faz o povo palestino." Após reunir-se por 40 minutos com o secretário norte-americano de Estado, Colin Powell, nesta sexta-feira, o ministro saudita das Relações Exteriores, príncipe Saud al-Faisal, disse que os dois discutiram a proposta de paz árabe, mas não forneceu detalhes. "As palavras que vocês querem ouvir não são minhas, mas do presidente, disse o príncipe. "Eu, como vocês, estou esperando por isto." O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deverá anunciar em breve uma estratégia com o objetivo de implementar sua visão de um Estado palestino nas terras que Israel tomou dos árabes durante a Guerra dos Seis Dias, travada em 1967. Bush estaria considerando o apoio norte-americano à criação de um Estado palestino provisório, idéia esta ventilada por Powell no início desta semana. Após reunir-se ontem com o chanceler saudita, Bush disse estar comprometido com a "evolução de um Estado palestino". A Arábia Saudita pressiona para que Israel recue às suas fronteiras anteriores a 1967. O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, alega que o país precisa manter pelo menos parte desses territórios para "proteger-se". Mas Powell já manifestou-se contrário à ocupação israelense e também à construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Um Estado provisório ou independente seria um grande passo na direção da total soberania dos palestinos, que nunca tiveram um país. "É uma idéia que sempre esteve no ar. O presidente a leva em consideração", comentou Powell após um encontro com chanceleres em Whistler, no Estado canadense de Columbia Britânica. Barreira Israel anunciou hoje que começará no domingo a construção de uma "cerca de segurança" ao longo de parte da chamada Linha Verde - a fronteira de Israel antes da ocupação da Cisjordânia na Guerra dos Seis Dias, lutada em 1967. A barreira de 120 quilômetros busca evitar o ingresso de extremistas palestinos, que já mataram mais de 520 israelenses desde 2000. No mesmo período, Israel assassinou 1.700 palestinos. "Devemos pôr fim às milícias, completamente", disse Yehiyeh. Ele acrescentou que tentaria negociar primeiro com os grupos armados, mas não explicou o que faria caso o seu chamado não fosse respondido. Yehiyeh prestou juramento hoje como ministro do Interior, seguindo uma reforma de gabinete que reduziu o número de ministros de 31 a 21. Até agora, o posto de ministro do Interior era ocupado pelo próprio Arafat. Yehiyeh, de 75 anos, vai responder diretamente ao líder palestino. Por sua vez, o ministro israelense das Relações Exteriores, Shimon Peres, disse ter retomado os contatos com funcionários palestinos, mas que não tem intenção alguma de conversar com Arafat no momento. Na mais recente das quase diárias incursões de Israel em território palestino, suas forças ingressaram na cidade de Hebron, também na Cisjordânia, antes do amanhecer de hoje. Soldados israelenses em veículos blindados e uma motoniveladora cercaram um edifício, detiveram um ativista do Hamas e demoliram o prédio. Também hoje um palestino apunhalou e feriu levemente um israelense no assentamento judaico de Kadoumin, próximo a Nablus. Os soldados israelenses mataram o atacante.

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