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Não se acha ligação entre Bin Laden e antraz

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário da Saúde dos Estados Unidos, Tommy Thompson, afirmou neste domingo que enviar cartas pelo correio contaminadas com bacilo de antraz constitui "um ato de terrorismo". Mas seu colega da Justiça, John Aschroft, disse que o FBI não tem nehuma prova concreta que vincule Osama bin Laden ou sua organização, a Al-Qaeda, aos oito casos da doença detectados até agora e seis outros casos potenciais registrados em Nova York, Nova Jersey e Nevada. "É prematuro, no momento, dizer se há uma ligação direta, mas estamos considerando essa possibilidade", informou Aschroft. Thompson disse que "muita gente está compreensivelmente preocupada, porque os Estados Unidos nunca foram atingidos por bioterrorismo. As pessoas não sabem nada sobre antraz e estão com medo do desconhecido". Segundo ele, o governo "está investigando todas as informações críveis para poder dar informações ao público". Thompson disse que há nos EUA um suprimento de remédios para tratamento de antraz (o mais conhecido é um antibiótico vendido sob o nome comercial Cipro), suficiente para atender 2 milhões de pessoas durante dois meses. Ele adiantou que a administração pedirá uma verba suplementar de US$ 1 bilhão ao Congresso, esta semana, para comprar os estoques disponíveis com o objetivo "de garantir que os norte-americanos sejam protegidos (contra a doença) em qualquer lugar do mundo". Os militares do país são vacinados contra o antraz e alguns dos outros seis ou sete vírus e bactérias que podem ser usados como arma biológica. O Centro de Controle das Doenças (CDC), uma agência federal sediada em Atlanta, ainda não concluiu os exames do antraz que matou Bob Steves, o editor de fotografia da editora de tablóides sensacionalistas American Media Inc., em Boca Raton, Florida, e contaminou sete outros empregados da companhia. A variedade da bactéria que vitimou Stevens chegou por carta à American Media. Exames preliminares indicaram que o bacilo é natural - ou seja não foi alterado por processo químico ou biogenético. Apenas uma das pessoas contaminadas na American Media, Ernesto Blanco, que lidava com a correspondência, continuava hospitalizado neste domingo, mas já fora de perigo. Cinco dos casos foram divulgados pela empresa e não pelas autoridades sanitárias da Flórida. O CDC não confirmou nenhum desses casos, dizendo que os resultados iniciais dos primeiros exames não foram conclusivos. Segundo o CDC, o antraz não é contagioso e não é fatal se for detectado e tratado a tempo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 20 mil casos de contaminação de antraz no mundo. O último registrado nos EUA, antes da semana passada, aconteceu na década de 70. Uma parte das investigações concentra-se em duas cartas enviadas para a sede da rede de televisão NBC, no Rockefeller Center, em Nova York, vários dias antes da descoberta do caso de Stevens. Um envelope postado em Trenton, Nova Jersey, continha um pó escuro. Uma das pessoas que o manusearam, Erin O´Connor, uma assistente do âncora da emissora, Tom Brokaw, foi tratada com Cipro depois de cair doente, com lesões na base do pescoço e febre alta. Os médicos disseram que, se for antraz, o caso de O´Connor é suave. Uma segunda funcionária funcionária da NBC, que abriu a carta, não apresentou nenhum sintoma de contaminação. Ela se lembrou da carta contendo o pó escuro depois de ter aberto uma outra carta, com um pó branco, proveniente de Saint Petersburg, na Flórida. A sala de correspondência da NBC e de vários outros grandes órgãos da imprensa norte-americanas foram isoladas a partir de sexta-feira, por medida de precaução. O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, disse neste domingo que um policial e dois técnicos de laboratório que trabalham nas investigações na NBC podem ter sido contaminados e estão sendo tratados com antibióticos. O FBI e o CDC investigam dois outros casos. Em Edison, Nova Jersey, um homem de 58 anos que trabalha numa fábrica da Ford está sob observação depois que exames preliminaries associaram as lesões que tinha no corpo com o antraz cutâneo, um dos três tipos principais do bacilo e o mais provável nos casos sob investigação. Os dois outros tipos de antraz podem ser ingeridos ou inalados. Não parece haver nenhuma correspondência suspeita nesse caso. Testes feitos com uma carta enviada da Malásia para uma subsidiária da Microsoft, em Reno, Nevada, com recortes de fotografias pornofráficas, confirmaram a presença do bacilo de antraz, segundo informação dada no sábado pelo governador do estado, Kenny Ginn. A carta teria sido aberta somente várias semanas depois de ser recebida. Os exames feitos nos seis empregados da Microsoft que a manusearam não revelaram contaminação. O fato de uma das cartas suspeitas ter sido enviada de Nova Jersey e de uma das possíveis ocorrências de antraz ter ocorrido no mesmo Estado interessou as autoridades. Nova Jersey foi a base dos fundamentalistas islâmicos responsáveis pelo ataque à bomba contra uma das torres do World Trade Center, em 1993. A carta oriunda da Malásia à Microsoft, em Nevada, também está sendo tratada como um indício potencial de ligação com a Al-Qaeda. Segundo o FBI, a organização terrorista de Bin Laden tem uma célula ativa na capital do país, Kuala Lumpur, que participou do planejamento do ataque contra o destróier da Marinha norte-americana USS Cole, no Iêmen, no ano passado. Também chama atenção das autoridades o fato de os destinatários das cartas terem sido empresas emblemáticas do poderio norte-americano em suas áreas - NBC, na televisão, Microsoft, em tecnologia, e a Ford, na indústria automobilística - ou com nome símbolicamente importante, como a American Media. Leia o especial

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