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Não se rendam ao populismo, diz Barroso a líderes da UE

Por LUKE BAKER E MICHAEL SCOTT
Atualização:

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, apelou nesta terça-feira aos líderes da União Europeia para que não se entreguem ao populismo, depois que os eleitores italianos rejeitaram totalmente as políticas de austeridade defendidas pelo primeiro-ministro Mario Monti. Falando em uma cúpula da Reuters sobre o futuro da zona do euro, Barroso disse que os esforços para reviver a economia da Europa levariam tempo e exigiam determinação. O fato de os eleitores italianos tirarem Monti do governo não significava que suas políticas, ou as defendidas pela União Europeia, eram erradas. "Espero que não caiamos na tentação de ceder ao populismo por causa dos resultados em um Estado-membro específico", disse Barroso, falando com paixão sobre os esforços da UE no combate da crise da dívida soberana. "A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é a seguinte: deveríamos determinar nossa política, nossa política econômica, por considerações eleitorais de curto prazo ou pelo que deve ser feito para colocar a Europa de volta no caminho do crescimento sustentável? Para mim, a resposta é clara". Monti ganhou apenas 10 por cento dos votos na eleição de domingo/segunda-feira, com os italianos apoiando maciçamente os movimentos do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e do comediante Beppe Grillo, ambos rejeitando a austeridade apoiada pela UE. Os mercados financeiros reagiram com alarme. Os rendimentos dos títulos de 10 anos do governo italiano, que refletem o grau de risco que os investidores atribuem ao país, cresceram muito e os preços das ações em Milão despencaram. O resultado deixa a terceira maior economia da zona do euro frente a um período extenso de incerteza política, com a perspectiva de outro turno de eleições se um governo não puder ser formado. Com relação a isso, a Itália está imitando a Grécia, o país da zona do euro que provocou o tumulto da crise da dívida. CHAMADO DE ALERTA Barroso disse que era responsabilidade de todos os países da UE e da zona do euro, principalmente os que recebiam ajuda dos fundos de resgate do bloco, readaptarem suas economias e reduzirem os déficits em um esforço para melhorar a competitividade e estimular o crescimento. Tal prescrição funcionou para a Letônia e estava mostrando resultados para Portugal, Irlanda, Espanha e Grécia, ele disse, com o estreitamento nos déficits de contas correntes, queda nos custos unitários de trabalho e aumento nas exportações. Embora as exigências dos programas de austeridade, que incluem cortes profundos nos gastos e reformas trabalhistas e previdenciárias que podem ter um impacto profundo, fossem duras e intragáveis para muitos, elas eram necessárias, disse. "É verdade que a política econômica que estamos implementando na UE por causa da crise financeira é um verdadeiro desafio para a liderança política", reconheceu Barroso. "Isso exige determinação, consistência e coerência ao longo do tempo. Nós nunca dissemos que seria fácil, vai ser difícil, e permanecerá difícil". A Alemanha, como a maior economia do bloco, tinha um papel de liderança determinado a desempenhar e deveria abrir seu setor de serviço de modo mais significativo, ele disse. "Precisamos de liderança, de liderança democrática, que tenha a coragem de resistir a considerações a curto prazo e a capacidade de explicar para o público o que está em jogo e quais serão as consequências de se seguir um caminho irresponsável".

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