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Nas urnas, Espanha busca fim do impasse

Em 15 dias, espanhóis votarão nos mesmos nomes, mas esperando resultados diferentes

Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

A Espanha entrou mais uma vez na reta final para tentar definir quem será o novo primeiro-ministro do país, encerrando o impasse político iniciado em 20 de dezembro. Dentro de 15 dias, os espanhóis voltam às urnas com os mesmos candidatos – o conservador Mariano Rajoy, o socialista Pedro Sanchez, o radical de esquerda Pablo Iglesias e o liberal Albert Rivera. O quadro está dividido, mas pesquisas indicam a inversão de posições à esquerda – com os populistas podendo chegar à vitória.

A última rodada de pesquisas, divulgada no fim da semana, indica que Rajoy, atual premiê e chefe do Partido Popular (PP, direita), lidera com margem cada vez menor. Segundo o instituto CIS, ele teria 29,2% dos voto (0,5% a mais do que dezembro). Seu problema é que a esquerda cresceu. Reforçado por uma coalizão, Iglesias, do Podemos, tem 25,6% dos votos (9,3% a mais que em dezembro). 

O presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, está convencido de que o Reino Unido decidirá permanecer na União Europeia porque "é o melhor para todos os britânicos e europeus" Foto: REUTERS/Andrea Comas

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Se o Podemos se tornará a primeira força da esquerda, superando o tradicional Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Sanchez, que tem 21,2% das intenções (0,8% menos que em dezembro”. Em quarto aparece Rivera, do Ciudadanos (centro-direita), com 14,6% (0,7% a mais do que há seis meses).

Os números são semelhantes aos do instituto Metroscopia e do NC Report, que apontam a mesma ordem e tendência de crescimento do Podemos. O voto esquerdista reuniria agora 44,6% do eleitorado. Em uma hipótese de aliança entre Podemos e PSOE, por ora remota, a possibilidade de Iglesias chegar ao poder se tornaria mais concreta do que nunca.

Em comício em Madri, Iglesias foi ovacionado. Parte do sucesso tem sido fruto da estratégia de desmontar os rótulos mais comuns que pesaram contra a formação de esquerda radical em dezembro: o de um partido populista e aberto à hipótese de independência da Catalunha e do País Basco – já que defende um referendo nas regiões autônomas. Agora, Iglesias se apresenta como líder da “nova social-democracia”, afastando-se do carimbo populista, e afirma que seu programa de governo é “patriótico e plurinacional”. 

Outra estratégia bem-sucedida do Podemos é a de se colocar como o novo pivô do futuro jogo de alianças. Isolado, Rajoy deve continuar incapaz de governar, o que daria a Iglesias a chance de tentar montar uma coalizão. Para tanto, ele teria de ter o apoio de Sanchez. “O PSOE terá de escolher”, disse o líder do Podemos, que pressiona o socialista a escolher entre direita e esquerda radical. “Que a militância socialista decida se quer um acordo com o PP ou conosco.”

A necessidade de uma nova rodada de negociações para a formação do governo, causada pela implosão do bipartidarismo, é outra confirmação da campanha. Para o analista Luis Arroyo, a população espanhola já conta com a alta probabilidade de que coalizões sejam necessárias. “As pessoas querem saber quais pactos os protagonistas serão capazes de fazer após o 26 de junho para que haja um governo. E, em termos políticos, quem terá a liderança à esquerda: Sánchez ou Iglesias. Quem perder, sofrerá, sobretudo se forem os socialistas.”

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