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Nasa promete máximo rigor na investigação

Por Agencia Estado
Atualização:

Oficiais da Nasa prometeram neste domingo não deixar "pedra sobre pedra" na investigação sobre as causas do acidente com o ônibus espacial Columbia. A busca pelos destroços da espaçonave, espalhados por uma área de mais de mil quilômetros quadrados entre os Estados do Texas e da Luisiânia, prosseguem sem interrupção. O material está sendo levado para a Base Aérea de Barksdale, na Luisiânia, onde será analisado por uma equipe de 20 engenheiros da empresa United Space Alliance, especializados em ônibus espaciais. Fragmentos dos corpos dos sete astronautas - duas mulheres e cinco homens -, em geral ossos carbonizados, também foram encontrados. O governo criou uma comissão especial para apurar o acidente. O trabalho será chefiado por Harold Gehman, almirante aposentado da Marinha, que participou da investigação do atentado ao navio USS Cole, em 2000, no Iêmen. Qualquer explicação para a tragédia, por enquanto, é apenas especulação. O Columbia foi desintegrado de tal maneira que a investigação poderá levar meses, talvez anos. Quando a Challenger explodiu, em 1986, o relatório final da Nasa sobre o acidente só saiu cinco meses depois e, até hoje, especialistas discutem sobre como um vazamento no foguete propulsão fez a nave explodir, segundos após o lançamento. O incidente com o Columbia foi muito mais complexo. A nave se despedaçou a 63 quilômetros de altitude, viajando a 18 vezes a velocidade do som e sob uma temperatura de mais de 1.600 ºC. Especialistas levantam algumas possíveis causas para o acidente: uma explosão de combustível ou oxidantes, que são mantidos sob alta pressão; um colapso da estrutura da nave (a mais velha da frota da Nasa, com 22 anos); um erro de navegação no processo de reentrada, talvez causado pelo computador de bordo; a colisão com um meteorito ou outro pequeno objeto espacial, ou talvez sabotagem por parte de um técnico de solo (terrorismo). Essa última possibilidade, entretanto, é descartada pelo governo. A principal suspeita, até agora, está relacionada a um acidente menor, ocorrido durante a decolagem do Columbia, em 16 de janeiro. No lançamento, um pedaço da espuma isolante de um dos tanques externos se soltou e atingiu a asa esquerda do ônibus espacial. O impacto pode ter danificado uma das placas de cerâmica que protegem a "barriga" da nave do calor incandescente no processo de reentrada na atmosfera, desencadeando um processo de destruição. A Nasa não descarta esta hipótese, mas a considera improvável. Foi a segunda vez, nos últimos três lançamentos, que um pedaço da espuma emborrachada de isolamento se soltou. No último vôo do ônibus espacial Atlantis, em outubro, um fragmento semelhante atingiu a "saia" de proteção dos foguetes da nave. O dano foi considerado superficial, mas era visível quando o Atlantis retornou à Terra. Após o acidente com o Columbia, a posição da Nasa não mudou. "Há muitas coisas em situações como essa que parecem ser a ?arma do crime?, mas no fim não tem nada a ver", disse o gerente do programa de ônibus espacias, Ron Dittemore. Segundo ele, o incidente foi analisado por diversos especialistas, que consideraram não haver risco para a missão. "Consideramos (o dano) aceitável", disse. Dittemore admite, entretanto, que todos os indícios de que algo estava errado com o Columbia partiram da asa esquerda da nave. Pouco antes do Controle de Missão perder controle com a tripulação, alguns sensores de temperatura da asa pararam de funcionar. "Alguma coisa não funcionou naquele lado esquerdo do ônibus. Não sei se foi o pedaço de espuma que se soltou, mas os sensores começaram a pifar, a pressão do pneu começou a baixar, tudo na parte esquerda do veículo", disse o senador Bill Nelson, democrata da Flórida, especialista em assuntos da Nasa. "Foi provavelmente algo relacionado aos sensores, o que pode significar que houve uma quebra das pastilhas protetoras e que o calor começou a penetrar na estrutura da nave." Para o astronauta alemão Ulrich Richter, que voou no Columbia em 1993, a Nasa deveria ter mandado a tripulação fazer uma caminhada espacial para inspecionar os danos causados à asa. "Eles poderiam ter vistoriado a asa esquerda no espaço, e provavelmente teriam descoberto que houve danos significativos." Oficiais da Nasa, entretanto, foram contra a idéia. As caminhadas espaciais são perigosas e precisam ser cuidadosamente planejadas e treinadas em terra antes da missão. Segundo Dittemore, mesmo que os astronautas tivessem detectado alguma falha nas placas de cerâmica, não poderiam ter feito nada para consertar o problema, porque as peças não podem ser trabalhadas em órbita. Tudo que a Nasa pode fazer, disse, é construí-las da melhor forma possível e testá-las antes do lançamento, para garantir - ou tentar garantir - que não apresentarão falhas. VEJA O ESPECIAL

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