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Nasrallah: nenhum exército irá desarmar o Hezbollah

Em sua primeira aparição desde a guerra com Israel, o líder do Hezbollah disse a milhares de seguidores que abandonaria armas caso o Estado libanês se fortalecesse

Por Agencia Estado
Atualização:

Em sua primeira aparição pública desde o início da guerra entre o Hezbollah e Israel, o líder supremo da guerrilha libanesa, xeque Hassan Nasrallah, agradeceu a Deus pela "vitória divina, histórica e estratégica" sobre o Estado judeu e frisou que seu grupo nunca será forçado a depor suas armas. Segundo ele, mesmo após a campanha israelense destinada a desarmar o grupo, o Hezbollah ainda tem mais de 20.000 foguetes. Nasrallah disse também que não libertará os dois soldados israelenses capturados pelo seu grupo - o que implicou no início do conflito - a menos que sejam trocados por prisioneiros libaneses. "Nenhum exército do mundo será capaz de nos fazer abandonar nossas armas", disse o clérigo com seu tradicional turbante negro diante de centenas de milhares de seguidores em um discurso proferido nos subúrbios bombardeados de Beirute. Apesar de desafiador, Nasrallah, surpreendeu ao dizer que consideraria a possibilidade de desarmar o Hezbollah caso o Exército libanês torne-se forte o suficiente para proteger o país. "Quando nós construirmos um Estado forte e justo, e capaz de defender a nação e seus cidadãos, encontraremos facilmente uma solução honrosa para a questão da resistência e de suas armas", disse ele. A presença de Nasrallah teve por objetivo reforçar a idéia de que o Hezbollah triunfou sobre Israel, que durante o conflito prometeu eliminá-lo. Seu discurso foi ao mesmo tempo uma forte provocação contra Israel e os Estados Unidos e uma celebração do que classificou como um fortalecimento da posição do grupo após a guerra. A captura dos dois soldados israelenses em 12 julho precipitou os 34 dias de bombardeios israelenses por terra, mar e ar contra o Líbano. Diante de um público estimado em 800 mil pessoas em subúrbio de Beirute destruído pelos bombardeios israelenses, Nasrallah disse que decidiu aparecer em público apesar das ameaças que enfrenta. "Eles disseram que esta praça seria bombardeada e que este palanque seria destruído para aterrorizar as pessoas e mantê-las afastadas", afirmou. Nasrallah contou que, junto com assessores, relutava em comparecer ao ato até 30 minutos antes de seu início. "Mas meu coração, minha mente e minha alma não permitiram me dirigir a vocês à distância", declarou. "Vocês estão demonstrando, ao comparecer a esta celebração de vitória, que têm mais valor agora do que entre o 12 de julho e o 14 de agosto", discursou, referindo-se ao começo e o fim da guerra com Israel. Apesar de Israel ter ameaçado assassinar Nasrallah durante o conflito, considera-se hoje improvável uma ação israelense nesse sentido, pois isso certamente provocaria um novo turbilhão no Oriente Médio. Texto ampliado às 20h50

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