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Navios de guerra iranianos chegam à Síria

China acusa Ocidente por instigar guerra civil no país e aumenta tensão entre regime de Assad e comunidade internacional

Por BEIRUTE
Atualização:

A China acusou ontem o Ocidente de instigar a guerra civil na Síria e dois navios de guerra iranianos chegaram sábado a uma base naval síria, aumentando a tensão internacional com a crise que já dura quase um ano. Ainda ontem, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha iniciou negociações para tentar obter um cessar-fogo para levar ajuda humanitária às cidades sitiadas pelas forças do presidente Bashar Assad.Apesar de ter prometido a realização de um referendo no domingo sobre um projeto de Constituição para a Síria e de eleições parlamentares 90 dias após a consulta popular, Assad ampliou a repressão contra as forças de oposição em todo o país e a situação humanitária na Síria é tão grave que o CICV considera o acesso às áreas de conflito imprescindível. Um enviado chinês reuniu-se no sábado com Assad e manifestou apoio ao plano de realizar o referendo. Em um artigo publicado ontem, o jornal People's Daily, visto como um porta-voz do Partido Comunista Chinês, disse que "se os países do Ocidente continuarem a dar total apoio à oposição síria será desatada uma guerra civil em larga escala e não haverá nenhum meio de evitar uma intervenção armada estrangeira". O governo Assad enviou reforços ontem para a cidade de Homs (centro), que foi bombardeada pelo 16.º dia consecutivo. Militantes pediram que fosse permitida a retirada de mulheres e crianças de Baba Amr, o bairro mais atacado da cidade.Pelo menos 18 pessoas morreram ontem nos combates - 13 delas em Homs -, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Mais de 6 mil pessoas foram mortas desde o início do levante contra Assad, em março. Em Damasco, que nos últimos dias foi cenário de manifestações sem precedentes, as forças de segurança permaneciam em estado de alerta.Segundo a TV estatal, os dois navios de guerra iranianos que chegaram sábado ao porto de Tartous darão treinamento às forças navais sírias com base em um acordo assinado há um ano. No entanto, países da região manifestaram o temor de que os navios, na verdade, estejam levando mais armas às forças de Assad. O vice-primeiro-ministro israelense, Dan Meridor, disse que Assad recebe apoio do Irã e do Hezbollah e Rússia e China - ao vetarem uma resolução no Conselho de Segurança da ONU contra a Síria - deram ao líder sírio "licença para matar". "O Irã investe muito para tentar salvar o regime sírio, ao assessorá-lo, enviar equipamentos, pessoal e até mesmo esses navios pelo Canal de Suez, disse.O chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby, afirmou ontem que havia sinais de que China e Rússia podem estar mudando sua postura em relação à Síria, após terem vetado um plano árabe para encerrar a violência no país. "Há indicações vindo da China, e até certo ponto da Rússia, de que pode haver mudança na posição." Na sexta-feira, será realizado na Tunísia um encontro do chamado grupo "Amigos da Síria", que reunirá as potências do Ocidente e do mundo árabe para discutir meios de conter a violenta repressão à oposição e ampliar a pressão sobre a Síria. / REUTERS

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