PUBLICIDADE

Negociação de trégua continua em meio a atentados

Por Agencia Estado
Atualização:

Em resposta à pressão dos Estados Unidos, israelenses e palestinos participaram de uma nova negociação de trégua nesta sexta-feira, apesar de mais um atentado suicida ter ocorrido nesta sexta - o terceiro em três dias -, mas nenhuma das partes reportou avanços nas conversações. Um novo atentado suicida das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa - grupo ligado à Fatah, a facção política do presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat - causou ferimentos em um oficial israelense num controle militar em Jenin, no norte da Cisjordânia. O camicase morreu na hora. Segundo os militares israelenses, ele pretendia ingressar em Israel para realizar um ataque, mas a bomba explodiu prematuramente quando ele foi detido no bloqueio. As Brigadas e os grupos islâmicos Hamas e Jihad Islâmica recusam-se a aceitar um cessar-fogo enquanto Israel não retirar suas tropas dos territórios palestinos ocupados em 1967 - Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental -, durante a Guerra dos Seis Dias. Na Faixa de Gaza, soldados israelenses assassinaram um palestino que aparentemente tentava pular uma cerca para entrar em Israel, informaram fontes militares. Os atentados de grupos radicais palestinos contra israelenses fizeram aumentar a pressão sobre Arafat para que reprima os extremistas. A reunião desta sexta-feira entre os chefes de segurança dos dois lados, mediada pelo enviado especial dos Estados Unidos à região, Anthony Zinni, não chegou a nenhuma conclusão e foi adiada. Segundo o chefe de segurança palestino Jibril Rajoub, um novo encontro ocorrerá no domingo. Zinni queixou-se de que Arafat não tomou medidas suficientes para prevenir ataques. Fontes palestinas em Nablus disseram que o ataque desta sexta foi ordenado por uma facção das Brigadas Mártires de Al-Aqsa que trava uma disputa de poder com o líder miliciano Nassear Awais. A rivalidade interna pode complicar ainda mais qualquer esforço de Arafat para colocar nos eixos a milícia ligada à Fatah. Os atentados suicidas desta semana foram assumidos pelos grupos Jihad Islâmica e Brigadas de Al-Aqsa. Ao todo, 10 israelenses morreram e dezenas de pessoas ficaram feridas. Na Cisjordânia, a família do agricultor Ayman Khawaled, de 23 anos, acusou o Exército de Israel de tê-lo prendido na quinta-feira e o matado quando ele levava suas ovelhas para pastar, como fazia todos os dias. Os parentes de Khawaled disseram que os militares o conheciam porque todos os dias passava por eles. Militares israelenses alegaram que os soldados mataram na região um homem que colocava um explosivo e estendia cabos no solo. A imprensa de Israel publicou nesta sexta que um dos mortos no atentado suicida realizado por um membro das Brigadas de Al-Aqsa em Jerusalém na quinta-feira, a israelense Zipi Shemesh, de 29 anos estava grávida de cinco meses. Ela e o marido, Gadi, de 35 anos, morreram no ataque e mais de 50 pessoas ficaram feridas. O casal acabara de sair de um consultório médico, onde Zipi fora fazer uma ultrassonografia para identificar o sexo do bebê. O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, declarou nesta sexta-feira que sua viagem ao Cairo, para encontrar-se com Arafat, prevista inicialmente para segunda-feira, depende de sua aceitação das condições para o cessar-fogo. Prosseguindo com os esforços de paz da União Européia (UE), o governo espanhol - atualmente na presidência da entidade - planeja realizar na segunda-feira, na Andaluzia, uma reunião entre o primeiro-ministro José María Aznar e Arafat, informaram diplomatas. Depois, Aznar o acompanharia à cúpula da Liga Árabe, em Beirute. Se Arafat for à Espanha, seria sua primeira viagem ao exterior desde que Israel o confinou em Ramallah, em dezembro, impedindo-o de sair dos territórios. Não está claro se o govenro israelense está a par dos planos da UE. Ainda nesta sexta-feira, as Brigadas de Al-Aqsa informaram em panfletos distribuídos na cidade cisjordaniana de Nablus que consideram uma grande honra sua inclusão na lista norte-americana de organizações terroristas. Os Estados Unidos pretendem fazer esta inclusão em breve.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.