Negociações entre Palestina e Israel são suspensas

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Por Agencia Estado
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Autoridades palestinas cancelaram as negociações previstas para esta quarta-feira para tentar pôr fim ao cerco de uma semana ao quartel-general de Yasser Arafat em Ramallah, na Cisjordânia, sob a alegação de que Israel não permite que negociadores estrangeiros se reúnam primeiro com o líder palestino. Israel manteve o cerco ao devastado QG da Autoridade Nacional Palestina (ANP), ao mesmo tempo em que amenizava o toque de recolher em outros bairros de Ramallah O ministro israelense das Relações Exteriores, Shimon Peres, disse que não obedecerá à resolução do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) para encerrar o cerco. Os Estados Unidos, a Europa e o mundo árabe também exigem um recuo do Israel. Segundo ele, "os palestinos não estão cumprindo as exigências do mesmo conselho para que contenham os ataques" contra os israelenses e prendam os responsáveis. "Não podemos cumprir nossa parte (da resolução) porque a outra parte não será cumprida". As negociações já estavam em andamento para solucionar o impasse, mas funcionários palestinos cancelaram a reunião marcada para hoje porque Israel se recusou a permitir que representantes do chamado "Quarteto" - composto por ONU, EUA, Rússia e União Européia (UE) - conversassem primeiro com Arafat, denunciou o ministro Saeb Erekat, chefe dos negociadores palestinos. Como parte do cerco, Israel não aceita reuniões entre Arafat e diplomatas estrangeiros. O ministro da Defesa do Estado judeu, Binyamin Ben-Eliezer - que, como Peres, integra o moderado Partido Trabalhista -, impôs uma condição diferente para o fim do cerco. Ele exige a rendição de 19 suspeitos de terrorismo presos com Arafat no QG. "Os demais não são importantes", disse à Rádio Israel. O governo israelense já mudou as exigências em diversas ocasiões, reclamam os palestinos. Até as palavras de Ben-Eliezer, Israel garantia que não recuaria até que as cerca de 200 pessoas presas no local se entregassem, sendo que 50 delas seriam suspeitas de ataques contra civis israelenses, inclusive Tawfik Tirawi, chefe do serviço secreto palestino. Tirawi negou as acusações numa entrevista ao jornal israelense Maariv e prometeu não se render. "Eu e Yasser Arafat resistiremos até o último minuto", declarou. Uma das principais conseqüências do cerco ao líder palestino é a paralisação dos esforços para se reformar a ANP, disse o vice de Arafat, Mahmoud Abbas, que já foi mencionado como possível primeiro-ministro se os palestinos decidirem cortar alguns dos poderes do atual líder nas reformas atualmente debatidas. Abbas declarou que não se pode falar em reformas administrativas enquanto Arafat "permanecer sob agressão tão cruel e sem precedentes". Ele disse que se reuniu com outros palestinos reformistas, mas o único assunto debatido foi como acabar com o cerco israelense. O Exército do Estado judeu enviou tanques e escavadeiras ao QG de Arafat na última quinta-feira, depois de um militante suicida ter detonado explosivos atados ao corpo em frente a um ônibus em Tel Aviv, a capital israelense. A explosão deixou seis mortos, além do extremista. Em outro ponto da Cisjordânia, soldados israelenses implodiram três residências pertencentes a suspeitos de "terrorismo", duas delas na dividida cidade de Hebron e uma em Dura. Nas últimas semanas, Israel vem destruindo as casas de supostos militantes. O Estado judeu alega que a medida funciona como fator de dissuasão. Cerca de 40 casas já foram destruídas. Centenas de palestinos estão desabrigados em virtude das demolições.

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