Negociações sobre crise em Honduras são retomadas na Costa Rica

Zelaya diz que aceita propostas de mediador costarriquenho; governo interino diz que não há acordo.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Foram retomadas, neste sábado, na Costa Rica, as negociações para tentar colocar um fim à crise política que se instalou em Honduras após a deposição do presidente eleito do país, Manuel Zelaya, por um golpe de Estado no último dia 28 de junho. O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, mediador das negociações, apresentou aos representantes de Zelaya e do governo interino de Honduras uma proposta de acordo com sete pontos, que inclui a volta do presidente deposto ao poder e a antecipação das eleições no país. Um documento com as propostas foi apresentado à imprensa enquanto as negociações ainda eram realizadas. O primeiro ponto da proposta de acordo é o retorno de Zelaya à Presidência de Honduras e sua permanência no cargo até 27 de janeiro de 2010, quando terminaria seu mandato. O segundo ponto é a formação de um governo de "unidade e reconciliação nacional" integrado por representantes dos principias partidos políticos hondurenhos. O plano apresentado por Oscar Arias ainda propõe uma declaração de "anistia geral" para crimes políticos em Honduras. Em uma entrevista à rádio Globo de Honduras, o presidente deposto Manuel Zelaya afirmou estar de acordo com os pontos apresentados, e voltou a dizer que sua volta a Honduras é iminente. Em entrevista a emissoras de rádio hondurenhas, no entanto, uma das representantes do governo do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou que ainda não há acordo e que a comissão não tem autoridade para aceitar as propostas de Arias. Segundo Vilma Morales, representante do governo interino de Honduras, a proposta de anistia teria que ser aprovada pelo Congresso do país e a antecipação das eleições pelo tribunal eleitoral. Propostas O presidente costarriquenho ainda propôs no plano que, caso Zelaya volte ao poder, ele e seu governo devem renunciar à convocação de qualquer referendo ou consulta popular "que não esteja autorizada expressamente pela Constituição". Pela proposta, Zelaya não poderia realizar uma consulta popular a respeito da convocação de um referendo onde os eleitores decidiriam sobre a adoção da reeleição no país. A tentativa de Zelaya de fazer uma consulta do tipo foi uma das justificativas dadas pelo governo interino de Honduras para sua deposição, no final de junho. O mediador Oscar Arias – que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1987 – também propôs a antecipação das eleições presidenciais em Honduras de 29 de novembro para o último domingo de outubro. Pelo plano de acordo – cujo cumprimento seria fiscalizado por uma comissão formada por notáveis e organismos internacionais – o comando das Forças Armadas do país seria transferido temporariamente para o Tribunal Eleitoral um mês antes das eleições. As negociações continuavam na Costa Rica até a noite deste sábado. Oscar Arias não descartou que elas pudessem se estender até domingo. Em uma entrevista coletiva na última sexta-feira, Zelaya havia dado um prazo até 0h deste domingo para que as negociações chegassem a um acordo para seu retorno ao poder. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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