Negociador anuncia pré-acordo para romper impasse em Honduras

Proposta ainda deve ser aprovada por Roberto Micheletti e Manuel Zelaya.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Representantes do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do governo interino chegaram a um pré-acordo para romper o impasse político no país, disse nesta quarta-feira em Tegucigalpa um dos negociadores de Zelaya. As negociações estavam emperradas devido à falta de consenso sobre o retorno de Zelaya à Presidência - algo que não vinha sendo aceito pelo presidente interino, Roberto Micheletti. A volta de Zelaya estava prevista no Acordo de San José, proposto pelo presidente de Costa Rica, Oscar Árias, para resolver a crise que se instalou no país após a deposição de Zelaya, em 28 de junho. "Chegamos a um consenso sobre o sexto ponto (do acordo, que se refere à restituição de Zelaya)... não posso falar do conteúdo do texto porque poderia incomodar a outra parte", disse o negociador Victor Meza, representante de Zelaya, a jornalistas. Meza disse que discutiria a questão com Zelaya e esperava ter "uma resposta esta tarde". Micheletti também deve considerar o resultado das negociações nesta quarta-feira. As comissões negociadores vêm se reunindo desde a semana passada e dizem ter concordado com os outros pontos do acordo. Detalhes Na terça-feira, os negociadores dos dois lados afirmaram que haviam concordado com 90% do Acordo de San José. Além de estabelecer a restituição de Zelaya, o Acordo de San José prevê anistia política, a formação de um governo de união nacional e o compromisso de Zelaya de não convocar uma Assembleia Constituinte até o fim de seu mandato presidencial, que termina em 27 de janeiro de 2010. Esse último ponto motivou a renúncia do sindicalista Juan Barahona, da comissão que representa Zelaya e um dos líderes da Frente de Resistência contra o Golpe. Ele considera a convocação da Assembleia "indispensável" e discorda da renúncia à Constituinte feita por Zelaya. Apesar disso, Barahona afirmou que a saída da comissão negociadora não significa uma ruptura com o presidente deposto, que permanece na embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde 21 de setembro. O líder sindicalista já havia afirmado que a Frente irá aceitar um acordo que tenha o aval de Zelaya, mesmo que ele não inclua a convocação de uma Constituinte, mas acrescentou que os militantes continuarão a reivindicar por ela nas ruas de Honduras. A convocação da Constituinte foi o estopim da deposição de Zelaya. O presidente hondurenho havia convocado uma consulta popular para o dia 28 de junho na qual indagava os eleitores se eles aceitariam a formação de uma Constituinte. Mas a Constituição hondurenha impede consultas de tal natureza e exige que qualquer dirigente que tente modificar a carta do país seja afastado do cargo. Os opositores viram o gesto de Zelaya como uma manobra para que ele se candidatasse a um segundo mandato, algo proibido pela lei hondurenha. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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