Negociadores deixam de lado judeus da Cisjordânia e refugiados palestinos

Concentradas em Jerusalém Oriental, propostas reveladas semana passada marginalizam 1 milhão de pessoas decisivas para a paz

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Separados por 60 quilômetros, uma assistente social israelense e um dono de bar árabe vivem em universos antagônicos na Cisjordânia. Ela faz parte dos 350 mil judeus que ocupam ilegalmente o território destinado a um futuro Estado palestino, segundo a ONU. Ele está no grupo de 779 mil refugiados em crise humanitária desde que foram expulsos de cidades que hoje são parte de Israel. Na semana passada, a rede de TV árabe Al-Jazira revelou que o destino deles - e o de 1 milhão de pessoas, nos dois grupos - está em segundo plano nas negociações de paz. O centro da disputa, segundo ofertas dos palestinos feitas a Israel em 2009, passa pelos assentamentos em Jerusalém Oriental, onde vivem 192 mil judeus. A revelação de que os palestinos concordariam em ceder essas áreas a Israel - exceto Har Homa, de 20 mil pessoas - acentuou a divisão entre o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e o Fatah, que administra a Cisjordânia. O desdém com que o líder palestino Mahmoud Abbas falou dos refugiados só aumentou a crise. "Seria fora de lógica pedir a Israel que receba 5 milhões, ou 1 milhão, pois isso significaria o fim de Israel", teria dito Abbas em uma reunião. Os detalhes que surpreenderam políticos e analistas - alguns decretaram a morte do processo de paz - tiveram efeito imediato fora dos gabinetes. A israelense Havi renovou sua esperança de manter uma vida confortável em terra estrangeira. O palestino Enabi parece mais distante de abandonar o balcão do bar.

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