BOGOTÁ - A negociação do governo colombiano com a última guerrilha em atividade no país, o Exército de Libertação Nacional (ELN), está em andamento – atualmente, há um cessar-fogo que entrará em vigor no dia 1.° de outubro e terá duração prevista de três meses. A desmobilização, no entanto, deve ser mais difícil do que a das Farc, como o próprio ministro da Justiça, Luiz Carlos Villegas, afirmou mais de uma vez.
“O ELN é um grupo muito mais radical em suas posições e com uma presença regional mais arraigada. Essa é uma negociação mais difícil. O ELN tem líderes que acreditam em vias totalitárias, mas esse cessar-fogo nos dá esperança”, disse Villegas.
Segundo estudo da Fundação Ideias para a Paz (FIP) sobre grupos criminosos e obstáculos armados em tempos de paz, o ELN já luta contra o Clã do Golfo pelo controle de municípios nas regiões de Chocó, Cauca, Baixo Cauca, Nariño e Catatumbo, espaços vazios após a saída das Farc.
Para Gerson Arias, diretor do Escritório do Alto Comissionado para a Paz, o ponto mais difícil de um acordo com o ELN será a entrega das armas. Arias acredita que a Igreja deve ter papel fundamental na questão.
“A relação da Igreja com o ELN é mais forte (do que com as Farc), muitos sacerdotes fizeram parte do grupo na época da Teologia de Libertação e podem ajudar a traduzir para a guerrilha o que significa o fim do conflito, que envolve a entrega das armas, mas também significa receber a proteção do governo”, diz.
Arias diz que cinco sacerdotes formam uma comissão que auxilia nas negociações. Alguns foram escolhidos justamente em razão do caráter territorial do ELN: um é de Cali, um, de Chocó e outro, de Arauca. “O ELN é muito mais territorial e o Estado pode até não estar em todas as partes, mas sempre há um sacerdote.”