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Neil Armstrong, o astronauta do pouso na Lua

Tímido e reservado, astronauta americano evitou fama e fortuna consequentes de seu feito e se isolou em fazenda.

Por BBC Brasil
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Em 1969, Neil Armstrong - morto aos 82 anos neste sábado - se tornou o primeiro homem a andar na lua e possivelmente o homem mais famoso do universo. Questionado sobre como se sentiu naquele dia, respondeu: "muito, muito pequeno". Mais tarde, ele questionou o valor de seu legado, enquanto testemunhava a exploração espacial ficar cada vez mais entrelaçada com disputas políticas e batalhas por financiamento - em um processo que classificou como "mercenário e sem sentido". Neil Armstrong nasceu em Ohio, nos Estados Unidos, em 5 de agosto de 1930. Seu pai trabalhava para o governo americano, o que fez a família se mudar diversas vezes, de acordo com os novos postos para os quais ele era promovido. Armstrong voou pela primeira vez aos seis anos, na companhia de seu pai, e desenvolveu a partir daí uma paixão que duraria por toda a sua vida. Seu herói foi Charles Lindbergh (aviador americano) e aos 16 anos já pilotava, mesmo antes de poder dirigir carros. Depois de receber diversas condecorações por comandar caças da Marinha americana na Guerra da Corea (1950-1953), Armstrong se tornou piloto de testes do Comitê Consultivo Nacional sobre aeronáutica - o órgão precursor da Nasa, a agência espacial americana. "Um pequeno passo para homem..." Armstrong foi membro de um grupo de elite recrutado para usar a tecnologia contra as limitações da natureza. Em 1962, John Kennedy prometeu colocar um homem na lua até o fim da década. Como os russos já podiam enviar homens ao espaço, os americanos estavam determinados a cumprir essa promessa. Dessa forma, dinheiro e apoio para o programa Apollo, da Nasa, foram abundantes. Durante uma missão anterior ao pouso na lua, do programa Gemini 8, Armstrong conseguiu corrigir um problema no voo de uma cápsula espacial, salvando a própria vida e a de um colega. Ele era famoso por ser tímido, quase taciturno, mas sua habilidade para pilotar levou-o naturalmente ao comando da Apollo 11. Em 1969, sua equipe estava pronta para cumprir a promessa de Kennedy. Em uma espaçonave com sistemas de controle com menos de um milésicmo do poder de computação de um laptop moderno, Armstrong e seus colegas Buzz Aldrin e Michael Collins foram à Lua. Pessoas ao redor do mundo compraram aparelhos de televisão pela primeira vez para testemunhar a jornada. Mais de 500 milhões de pessoas assistiram cada instante da chegada da Apollo à superfície lunar em 20 de julho. Vida privada Após manobrar a nave para evitar rochas maiores, Armstrong tinha apenas mais 20 segundos de combustível quando pousou o módulo lunar em segurança na lua. De dentro da espaçonave, ele informou ao Controle da Missão, em Houston, que "a águia pousou". Quando desembarcou do módulo, ele pronunciou uma frase que havia sido cuidadosamente preparada: "Um pequeno passo para homem, um gigantesco salto para a humanidade". Ele quis dizer "um homem", mas devido às circunstâncias, a maioria das pessoas perdoou o engano. Além disso, o público assistiu Armstrong, com Aldrin a seu lado, instalar uma bandeira americana no "Mar de Tranquilidade". Eles até jogaram um pouco de golfe. De volta à Terra, a equipe foi honrada e adulada pelo mundo todo. Os três eram tratados como artistas de cinema em qualquer lugar que fossem. Mas, depois da publicidade inicial, Armstrong se recusou a lucrar com sua celebridade. O homem reverenciado como herói pelo público americano e ganhador da Medalha Presidencial da Liberdade evitou os holofotes e a fortuna que seriam desencadeados por seu feito. Em vez disso, ele viveu isolado em sua fazenda em Ohio. Ensinou engenharia na Universidade de Cincinnati e depois virou empresário. Inspiração Ele se recusou a dar entrevistas ou autógrafos e desapontou muitos admiradores com seus pedidos de privacidade. Fez apenas alguns discursos ocasionais e sua volta surpreendente à esfera pública se deu em uma série de comerciais para a Chrysler. Uma vez ele afirmou: "não quero ser um memorial vivo". Enquanto seus colegas astronautas traçaram um caminho precário pela fama "pós-Lua" - Buzz Aldrin sofreu de alcoolismo e teve um colapso - Armstrong permaneceu feliz na obscuridade. De forma relutante, ele se juntou aos colegas de missão para comemorações de aniversários do pouso na Lua. Em 1999, 30 anos depois, na companhia de Aldrin e Collin, ele recebeu a medalha de Langley para aviação do vice-presidente Al Gore. Caracterizado pela humildade, ele raramente mencionava suas viagens espaciais. Todavia, foi capaz de inspirar um grupo de estudantes ao dizer a eles: "Oportunidades que nem imaginam estarão disponíveis para vocês". Ninguém voltou a pisar na Lua após1972. Para muitas pessoas hoje, a ideia de pousar na Lua novamente foi superada pelas perspectivas de missões em Marte ou locais mais distantes. Mas, os milhares de telespectadores que ficaram grudados à tela da televisão em julho de 1969 viram seus sonhos mais fantásticos se tornarem reais. Para eles, o homem tímido de Ohio abriu uma nova fronteira e sua realização inspiradora não será esquecida. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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