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'Nenhuma corte pode me tocar', diz presidente do Sudão

Bashir volta a desafiar ordem de prisão do tribunal penal; EUA anunciam enviado ao país nos próximos dias

Por Associated Press e Efe
Atualização:

O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, declarou a correligionários nesta quarta-feira, 18, que nenhum tribunal internacional nem o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) podem tocar "nem mesmo uma pestana" nele. As palavras desafiadoras de Bashir com relação à ordem de prisão expedida contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) foram feitas nesta quarta-feira, 18, durante um discurso em Nyala, no sul da região sudanesa de Darfur.

 

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No discurso, Bashir acusou o Ocidente de tentar separar Darfur do restante do país e de operar para "criar uma situação caótica no Sudão". Esta é a segunda visita de Bashir a Darfur desde 4 de março, quando o TPI expediu uma ordem de prisão contra ele para que responda por acusações de crimes de guerra na região.

 

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De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 300 mil pessoas morreram e cerca de 2,5 milhões foram obrigadas a fugir em cinco anos de conflito em Darfur. A violência começou quando integrantes de tribos africanas da região pegaram em armas e rebelaram-se contra o governo sudanês. As tribos africanas queixam-se de décadas de negligência e discriminação. O governo iniciou então uma contra-insurgência durante a qual uma milícia árabe pró-Cartum cometeu atrocidades contra a comunidade africana.

 

Enviado dos EUA

 

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse na segunda-feira que nos próximos dias nomeará um enviado para o Sudão, e responsabilizou Bashir, por cada morte registrada desde a expulsão de várias ONGs que operavam em solo sudanês. "Esta é uma situação horrenda, que causará uma miséria incalculável e o sofrimento do povo de Darfur, especialmente nos campos de refugiados", afirmou Hillary à imprensa depois de se reunir com os líderes do Executivo autônomo na Irlanda da Norte, Peter Robinson e Martin McGuinness.

 

Logo após esta declaração, a chefe da diplomacia americana, sem dar mais detalhes a respeito, antecipou que "nos próximos dias um enviado especial será nomeado para o Sudão". Hillary destacou que "a verdadeira pergunta" que se deve fazer à comunidade internacional sobre a decisão do Sudão de expulsar as ONGs é: "Que pressão se pode exercer sobre o presidente Bashir e o Governo de Cartum para que entendam que serão responsáveis por cada morte que ocorrer nesses campos (de refugiados)?".

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A secretária de Estado frisou que o Sudão, com a expulsão das ONGs, "põe em risco 1,4 milhão de vidas". Nesse contexto, também lembrou que os países que apoiam a decisão de Bashir também terão responsabilidade nessas mortes. "Para que mais vidas inocentes não sejam perdidas, eles têm a responsabilidade de convencer o Sudão a mudar sua decisão, a permitir o retorno dos trabalhadores humanitários ou a repor, com dinheiro e pessoal, aqueles que foram expulsos", acrescentou. Hillary fez esta declaração sem citar especificamente a China, um dos países que mais defende a política do Sudão em nível internacional.

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