LONDRES - O neurologista americano Michio Hirano visitará na segunda-feira, 17, em Londres, o bebê britânico Charlie Gard, bebê de 11 meses que sofre de uma doença terminal. Os pais da criança travam uma batalha judicial para mantê-la viva artificialmente, contra a opinião médica britânica. A esperança deles é conseguir autorização da Justiça para submeter Charlie ao tratamento experimental conduzido por esse médico americano.
Hirano é especialista em miopatias e doenças mitocondriais. Ele se ofereceu para administrar um tratameno experimental no bebê de 11 meses. Ele assegura ter observado uma probabilidade de "10% de fortalecimento dos músculos" e de uma "pequena, mas significativa" melhora na função cerebral.
O neurologista do Centro Médico da Universidade Columbia, em Nova York, se reunirá com a equipe que trata o bebê no hospital londrino Great Ormond Street, que por sua parte defende o desligamento dos aparelhos que mantêm a criança com vida para que ela possa morrer com dignidade.
Charlie sofre de uma síndrome de miopatia mitocondrial, uma doença genética raríssima que inabilita a capacidade do corpo de fornecer energia aos músculos e faz sua vítima sofrer até que ela tenha uma parada respiratória total. O menino não tem, atualmente, nenhuma função ativa, mas seus pais asseguram que ele "não está sofrendo". O juiz Nicholas Francis, da Divisão de Família do Tribunal Superior de Londres, que anteriormente já se posicionou em favor do hospital londrino (assim como também o Supremo e a Corte Europeia de Direitos Humanos) revisará na semana que vem os argumentos do médico Hirano, quem afirma desde abril que surgiram novas evidências sobre a potencial eficácia do tratamento experimental.
No primeiro julgamento, o juiz concluiu, em 11 de abril, que esse tratamento causaria dor e não melhora da situação do menino.
Após apelos internacionais do papa Francisco e do presidente dos EUA, Donald Trump, o Great Ormond Street Hospital entrou com um recurso na Justiça no dia 10 tendo como base os argumentos dos pais de Charlie, Chris Gard e Connie Yates, que reuniram opiniões médicas, incluindo a de Hirano, favoráveis a submeter o bebê a essa nova terapia de nucleosídos, que não foi sequer testada em ratos de laboratório.
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O juiz Francis deve se pronunciar dentro de alguns dias sobre as novas evidências apresentadas, segundo as quais Hirano justifica que o bebê seja mantido com vida e transferido a outro país para receber esse tratamento.
Yates e Gard, residentes em Londres, têm protagonizado uma intensa campanha internacional para conseguir apoio para que o filho seja tratado. Trump e o papa também saíram em sua defesa.
Os representantes legais do casal pediram hoje calma a seus numerosos seguidores, entre eles, vários grupos religiosos americanos, depois que proliferaram inúmeras ameaças na internet contra os juízes e os advogados do hospital.
O casal recolheu meio milhão de assinaturas em apoio à sua causa e mais de 1,3 milhão de libras para financiar o tratamento do menino em um hospital americano ou de outro país. / EFE